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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

“O fato de uma pessoa ser grande autoridade em algum assunto não elimina a possibilidade de acertar de vez em quanto” (Millôr Fernandes)

Tenho me dedicado nos últimos artigos a refletir sobre questões voltadas à filosofia da ciência. Não é fácil fazê-lo em 1800 caracteres por semana, mas acho que deu para fixar alguns pontos importantes com certa clareza.

Voltarei à carga futuramente, mas não mais contextualizando as explicações no domínio da paleoantropologia, e sim da astronomia. Um pouco da história daquela disciplina foi útil para trabalhar o tema; a astronomia decerto proporcionará a mesma contribuição. Há uma diferença crucial entre elas: a paleantropologia cuida de objetos distantes no tempo, e a astronomia, no espaço. A primeira trata de coisas que estiveram bem aqui, mas não estão mais; a segunda se ocupa de coisas que existem agora, mas não aqui, e sim longe, longe por demais.

Em comum, ambas se perdem nas imensidões do mundo, onde desfilam muitas dúvidas e incertezas – mais do que respostas definitivas -, evoluções lentas, hipóteses improváveis, teses indemonstráveis ou simplesmente erradas, que chegaram a granjear prestígio mas que foram abandonadas para nunca mais serem levadas a sério.

Ambas, portanto, são dois bons terrenos para exercitar tanto o nível epistemológico da atividade científica, quanto o sentido moral de seus adeptos e jurisdicionados, que são as pessoas comuns: aquelas que acendem a luz apertando o botão do interruptor, sem nenhuma preocupação de saber como exatamente funcionam os circuitos elétricos da casa ou da cidade.

Vamos vivendo sem preguiça, mas também sem covardia, sem intelectualismo. Sem resistir à realidade mas sem renunciar às imperfeições da verdade. Vamos tocando como quem sobreviveu a uma crise de pancreatite.

Jornal de Brasília - 21/2/2013

 

 

 

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