Seu navegador nao suporta javascript, mas isso nao afetara sua navegacao nesta pagina MPDFT - A Sharon

MPDFT

Menu
<

Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Um dos crimes que mais chocou a história americana é o chamado “caso Tate-Labianca”. Tudo o que lhe diz respeito tem a nota da superlatividade: motivos e modus operandi bizarros; bestialidade do mentor dos ataques; obediência horripilante dos comandados, em contraste com a beleza sublime da vítima-mor, a atriz Sharon Tate; o fato de esta estar prestes a dar à luz; o fato de que o filho era do célebre diretor Roman Polanski.

Passados mais de 40 anos, ninguém até hoje foi solto. Uma condenada, Susan Atkins, já faleceu. Os demais estão apodrecendo na cadeia. A chance de virem a matar uma mosca é zero. Mas a Justiça não solta.

Polanski nem sequer estava nos EUA no dia do crime. Seu único envolvimento foi na qualidade de vítima: de alguém que teve a residência invadida por um bando de malucos, a mulher esfaqueada até a morte, e consigo o filho que levava no ventre. A parede da casa foi pichada com o sangue de Sharon. Outras quatro pessoas foram também assassinadas brutalmente. 

Polanski era vítima, mas não foi tratado como “vítima inocente”. Uma pessoa que está andando na rua e lhe cai na cabeça um vaso de plantas é vítima inocente. Uma pessoa que atravessa a rua imprudentemente e é atropelada é vítima, mas não inocente. Acho que deu para entender. De acordo com a biografia de Christopher Sandford, Polanski foi tido como suspeito em certo momento, talvez pelo estilo de vida extravagante, e de seu trabalho, que aparentava simpatizar com satanismo e ocultismo.

O caso Tate-Labianca poderia ter pendido para a tragédia de uma infância marcada pela abdução dos pais para os campos de concentração nazistas. Mas prenunciou a violação de uma garota de 13 anos, que Polanski, aos 43, embriagou, drogou e sodomizou, em um dia que também não foi esquecido.

Jornal de Brasília - 16/9/2013

.: voltar :.