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Ivaldo Lemos Junior 
Promotor de Justiça do MPDFT

Revolution 9 é uma música do Álbum Branco dos Beatles. Minto. Não se trata de música, atribuída formalmente à coautoria entre Lennon/McCartney (todas as canções dos dois foram creditadas assim, por um acordo que fizeram na adolescência, mesmo quando um não tivesse feito nada na composição do outro; esse acordo foi mantido até o fim). Revolution 9 são mais de oito minutos de ruídos insuportáveis. E olha que, na versão original, eram mais de dez, metade dos quais com Lennon e a mulher Yoko gritando e gemendo!

Um sujeito incrivelmente paciente, Mark Lewisohn, estudou a “música” mais a fundo e detectou sons ao contrário, vidro estilhaçado, aplauso, ópera, dentre outros (devo essa informação a Steve Turner). Mas uma parte é bastante audível: uma voz que repete numerosas vezes: “number 9”.

Charlie Manson achava que se tratava de um recado para si, e que o número 9 era o capítulo 9 do Livro do Apocalipse (como explicado no artigo anterior). Pelo terceiro minuto da música, uma voz grita right, right (certo, certo). Ele entendeu rise, rise (levante, levante), que era a essência do Apocalipse segundo Mason: os negros deveriam se levantar contra os brancos. A mesma palavra foi escrita com sangue na parede da casa dos Labianca.

Olha o perigo que existe quando o sujeito se atribui uma importância que não tem – perigo esse multiplicado à enésima potência quando se trata de alguém violento, louco, sem nada a perder na vida. Os Beatles nunca tinham ouvido falar em Mason, mas este achava que eles estavam em comunicação consigo, e que era o fiel hermeneuta do milenarismo.

Não sei se faço justiça, mas em seu livro de memórias (“Waging heavy peace”, capítulo 13), Neil Young diz conheceu Manson e o ouviu tocar. Acho-o “muito bom”, e suas músicas, “fascinantes”.

Jornal de Brasília - 3/2/2014

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