Milton de Carlos Júnior
Promotor de Justiça do MPDFT
Muitas pessoas, senão a infinita maioria delas, passam a vida toda insatisfeitas, infelizes mesmo. Desejam um marido ou uma esposa mais amável, mais afeito (a) ao trabalho, de gastos modestos, uma casa, um carro melhor, filhos, netos, corpo mais definido, mais sarado, saúde e por aí vai.
Sempre sentem falta de alguma coisa. A falta incomoda, angustia. A falta de alguma coisa, mínima que seja, inquieta mais do que tudo aquilo que não falta, ou seja, que sobra. Se estão trabalhando, desejam não precisar trabalhar; se estão comendo uma comida mais simples, desejam uma mais sofisticada.
Como paradoxo, e na mesma quantidade das que são infelizes, o que é pior, elas nada fazem para conseguir, para obter aquilo cuja falta lhes traz infelicidade. Não procuram trabalhar ou trabalhar mais, estudar, para quem não tem nenhum estudo, ou estudar mais, para quem tem algum, para obter um emprego que remunere mais. Ficam esperando a providência divina.
Se seria compreensível que uma pessoa fosse infeliz porque não tem, porque lhe falta algo (ou acha que lhe falta), mais incompreensível ainda seria que a pessoa, mesmo tendo tudo (casa boa, carro bom, saúde, roupas, viagens, saúde, etc.), fosse infeliz. E como tem gente assim!
Santo Agostinho disse que ‘A felicidade está em continuar a desejar o que se possui’. Acrescento eu, mesmo que isso seja nada. Faz o maior sentido. Se desejo tudo o que tenho, não me falta nada, sou feliz enfim! Felicidade então é ser, não ter. Simples assim?
Quer dizer então que para ser feliz não se pode desejar nada? Não, se fosse assim, estaríamos diante de um ser humano perfeito, que não existe. Pode-se, sim, desejar o que não se tem. O que não pode é a frustração de um desejo trazer infelicidade.
Busque esse equilíbrio para ser feliz!
Jornal de Brasília - 25/3/2014