Seu navegador nao suporta javascript, mas isso nao afetara sua navegacao nesta pagina MPDFT - Harmonia

MPDFT

Menu
<

Ivaldo Lemos Junior 
Promotor de Justiça do MPDFT

No dia 21.7.1599, Johannes Kepler escreveu em seu diário: “a chave do mistério cósmico está na música. É ela que faz a alma ressoar em harmonia, transformando geometria em sensação, criando uma ponte entre o mundo das Formas Puras e o mundo dos homens”.

Quem foi Kepler? A resposta é múltipla: matemático, historiador, astrônomo, astrólogo. Profundamente religioso – luterano convicto, não aceitou se converter ao catolicismo quando isso lhe seria vantajoso em termos mundanos –, teve formação monástica e imaginava que seria pastor.

Atualmente suas teorias pertencem ao domínio da astrofísica, mas, na época, essa expressão não existia. Falava-se em filosofia natural, expressão que hoje é que não se usa mais. Hoje se fala em “ciência”, mas em um sentido de separação entre filosofia e astronomia, e esta a anos-luz da astrologia. Mas Kepler não procedia assim, pois unia tudo. Ele perguntou: “Será tão absurdo imaginar que nossas almas são feitas de cordas, não aquelas reais, mas aquelas feitas de material imponderável, etéreo? Qual outra explicação para astrologia, qual outra justificativa teria ela se não a de ser expressão dessa harmonia cósmica?”. Sua filosofia natural passava pela astrologia, sua geometria traduzia música e sua ciência era uma oração.

Onde estava a harmonia do mundo? Certamente não nas lutas renhidas do Sacro Império Romano na Guerra dos 30 Anos, entre católicos e protestantes, e estes entre si. Para Kepler, “os planetas oferecem a primeira pista, encontrada no significado astrológico de seus aspectos”. É na proporção dos ângulos – cujas determinações ele foi buscar com Thyco, mesmo sabendo que seu modelo solar era completamente furado – que estaria a ressonância entre os corpos celestes e as almas humanas, justamente como a vibração das cordas musicais.

Jornal de Brasília - 19/5/2014

.: voltar :.