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Ivaldo Lemos Junior 
Promotor de Justiça do MPDFT

A estratégia da defesa de O.J. Simpson foi montada no sentido de desqualificar as provas da acusação, em duas frentes: (1) a polícia forjou provas, e (2) o fez porque Simpson era negro. Logo nas alegações preliminares, o advogado Cochran frisou que o réu era alguém que fazia doações anônimas a uma entidade negra.

Se existe uma pessoa que não se encaixa no estereótipo do pretinho oprimido, zé-ninguém, vítima óbvia de armações policiais, é O. J. Simpson. Rico, bonito, famoso e querido, ele é por muitos considerado o melhor “running back” da história do futebol americano. Morava em Brentwood, bairro de Los Angeles onde praticamente não há negros. Foi o primeiro negro a entrar no conservador Clube de Golfe de New Jersey. Seus amigos mais próximos, com exceção de Al Cowlings, eram todos brancos. A própria mulher era branca. A anterior, Marguerite, era negra, e Simpson começou a namorar a loura Nicole quando ainda estava casado consigo.

Foi verificado o nível de engajamento de Simpson junto a grupos organizados, e o que se achou foi o que o advogado mencionou, nada mais: Angel City Links, uma entidade de mulheres negras do qual sua filha Arnelle fazia parte. A doação de U$ 5.000 por ano, se verídica, é melhor do que nada, mas não chega a ser de uma generosidade de cair o queixo. Comparem o que Simpson fazia, se fazia, e o que faz Jim Brown – o outro candidato a melhor “running back” de todos os tempos. Brown montou a ONG Amer-I-can, que ajuda na recuperação de criminosos, vários deles muito perigosos (membros de gangues, ex-condenados etc.).

Da minha parte, que Simpson faça da sua vida financeira o que bem entender. Não acho que ele tenha dever moral de ajudar quem quer que seja. Mas daí para se beneficiar de um perfil que não tem vai uma distância longa e espúria.

 Jornal de Brasília - 15/9/2014

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