Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
Magda namorava o militante judeu Chaim quando se envolveu com outro homem, Joseph, que era o oposto do rival, pois se tratava de um antissemita fanático. Magda ouviu com entusiasmo um discurso de Joseph e, embora estivesse interessada na ideologia de Chaim, filiou-se ao Partido Nacional-Socialista, NSDAP (Nazi) dos Trabalhadores Alemães. Mais do que isso, entrou na Liga Feminina Nacional-Socialista de Berlim-Westend como voluntária e, depois, como secretária, tradutora e, finalmente, chefe.
Magda se relacionava com ambos ao mesmo tempo e abertamente. Astuciosa, ela se aproveitava da situação para provocar ciúmes dos dois lados. Conseguia, até 12.4.1931 – mesmo dia que Joseph escreveu em seu diário que sentia “profundo desespero” e “ciúme doentio” –, quando Chaim esteve em sua casa. Houve discussão, ele sacou uma pistola e efetuou um disparo. Ninguém se feriu, mas a relação acabou ali. Chaim mudou-se para a Palestina e, dois anos depois, foi assassinado, sob acusação de espionagem nazista.
No outono de 1931, Magda conheceu outro homem que lhe impressionou muito: Adolf. Foram apresentados pelo próprio Joseph, que todavia não especificou que eram amantes. Adolf descobriu isso por terceiros. Descartou se casar com Magda, mas viu nela pessoa de importância para o partido.
Magda e Joseph se casaram, mas este não pediu a mão daquela. O enlace foi articulado por Otto Wagener, que afirmou que Adolf gostaria de tê-la por perto sem causar escândalo. Magda deveria desposar Joseph por Adolf, e também pelo “movimento” e “pelo bem do povo alemão”. Lisonjeada, ela disse que, por Adolf, estava “disposta a tudo”.
O casamento ocorreu semanas depois, em dezembro de 1931. Adolf foi o padrinho. Magda perdeu a pensão alimentícia de Günter, o ex-marido, mas Adolf dobrou o salário de Joseph.
Jornal de Brasília - 22/9/2014