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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Na iminência de se separar de Günter, seu primeiro marido, Magda forjou provas contra ele: cartas de amor. A rigor, não eram falsas, mas antigas; o contexto é que era fajuto. Na iminência de se separar de Joseph, seu segundo marido, Magda também obteve cartas, trocadas entre ele e a amante, Lida. Dessa vez, a correspondência e o romance eram verdadeiros e atuais. Magda devia se achar uma mulher muito esperta e articulada.

Mas Joseph não esmoreceu. Ficou do lado de Lida. Quando Adolf soube da confusão, mandou chamar Magda e manifestou sua oposição ao divórcio, o que foi mansamente acatado por ela. Com Joseph foi diferente. Ele ouviu longo e veemente discurso do chefe e, mesmo assim, não cedeu. Sugeriu deixar a pasta da Propaganda para se tornar embaixador no Japão. Essa contraproposta não foi aceita.

Adolf, então, tomou uma decisão: determinou que Joseph e Lida se separassem por um ano. Após esse prazo, se Joseph ainda gostasse dela, aí sim, Adolf permitiria o divórcio. Foi redigida uma ata formal e ambos (Joseph e Magda, não Joseph e Lida) assinaram. Esse pessoal não era de brincadeira. Adolf não era um conselheiro amoroso que agia em favor abnegado da felicidade conjugal alheia. A Gestapo vigiava Lida dia e noite e ela, que era atriz, nunca mais conseguiu um papel na Alemanha e voltou para sua terra, a hoje República Tcheca. Joseph e Lida não voltaram a se ver.

Em agosto de 1939, Adolf produziu novo documento, cujo objeto era a reconciliação de Joseph e Lida. Eles assinaram, voltaram a viver juntos e tiveram mais um filho, o sexto e último, em outubro de 1940. No ano seguinte, Joseph começou um caso com sua secretária. No dia 1º.5.1945, Magda envenenou seis filhos pequenos, matando-os, em um plano arquitetado havia tempo e conhecido de várias pessoas.

Jornal de Brasília - 13/10/2014

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