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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT 

O que vou dizer agora não passa de opinião pessoal. Você é livre para discordar dela. Mas minha opinião é bem formada, fruto de mais de duas décadas de atividade como promotor público. Nessa qualidade, trabalhei com dezenas, talvez centenas de juízes, e sou testemunha privilegiadíssima da maneira como eles são, como se comportam. Não conheço a magistratura por ouvir falar ou por informações isoladas de jornais.

Dito isso, afirmo que juízes são pessoas como outras quaisquer. Não formam uma categoria diferenciada de seres humanos em nenhum aspecto. Cada um dos juízes é alguém de carne e osso, com qualidades e defeitos. O que acontece é que a profissão vai moldando determinados hábitos, mas isso não é privilégio de ninguém. Médicos, operadores do mercado financeiro, operários da construção civil, jogadores de futebol, cabeleireiros etc. – todos têm seu jeito próprio de se vestir, seu vocabulário característico, e outros maneirismos. Talvez a autoridade do juiz passe imagem de antipatia ou sentimento de hostilidade.

O que acontece, também, é que os defeitos do juiz podem se sobressair mais do que se o indivíduo exercesse outra ocupação. Juiz arrogante pode causar mais estrago que frentista arrogante, mas isso não significa que todos os juízes são arrogantes. Aliás, não significa sequer que juiz arrogante seja ruim, porque juiz ruim é o injusto. Prepotência nunca é bom, mas juiz de difícil trato pode reunir os melhores atributos da sua função: imparcialidade, perspicácia, preparo intelectual, disposição para o trabalho, dentre outros.

Por fim, pode ocorrer de uma pessoa sem familiaridade com questões jurídicas ter uma má experiência forense, e achar que o juiz estava mal intencionado. Quase a totalidade dos juízes que já conheci são pessoas bem intencionadas e decentes.

Jornal de Brasília - 16/12/2014

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