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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT 

Adolf Hitler casou-se uma única vez, do alto de seus maduros 56 anos. A felizarda foi uma garota 32 anos mais moça, Eva. O matrimônio não durou mais do que algumas horas, pois ela se matou, com veneno, e ele fez a mesma coisa, com tiro, no dia seguinte ao da oficialização do enlace,30 de abril de 1945, em virtude da derrota na guerra e da situação insustentável em que se encontravam.

Eva foi namorada de Hitler por vários anos, mas não era sua companheira notória ou uma espécie de Primeira-Dama informal do 3º Reich. Ao contrário, o grande público alemão mal sabia ou simplesmente não sabia de sua existência. Ela era mais o que no Brasil se chamava antigamente de “teúda e manteúda”. O casal se conheceu quando Eva trabalhava na oficina de Heinrich Hoffmann, o fotógrafo oficial do nazismo. O romance não foi constante, pois ele priorizava a carreira política e se ausentava com muita frequência, atormentando-a em solidão, ciúmes e insegurança, o que foi registrado em seu diário e conversas com pessoas de sua intimidade. Por isso, ela tentou o suicídio duas vezes, com um tiro no peito, em 1º.11.1932 e, em 28.5.1935, com ingestão excessiva de remédios.

Antes da derrocada do regime nazista, a ideia de suicídio não era algo que agradava em nada a Hitler, pois foi isso o que ocorrera com Angelica (Geli) Raubal, sua sobrinha, 19 anos mais jovem, com quem ele poderia ter tido um envolvimento muito além da qualidade de familiar. Na época, especulou-se que ela não teria cometido auto-ocisão. A edição de 21.9.1931 do jornal Münchener Post frisou, além de outras circunstâncias suspeitas, que houve uma “briga exaltada” entre ambos e Geli tinha o nariz quebrado.

Ter se casado com Eva foi mais um ato de reconhecimento generoso da lealdade dela do que propriamente uma prova de amor dele.

Jornal de Brasília - 9/2/2015

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