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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT 

Em 1971, realizou-se em Cuba o “Primeiro Congresso de Educação e Cultura”. Seu principal objetivo foi o chamado “parametraje”, que vinha a ser perseguição de homossexuais. A partir daí, artistas e intelectuais que compartilhassem tal condição eram oficialmente comunicados de que “não reuniam os parâmetros políticos e morais para desempenhar o cargo que ocupavam”. Tinham que largar o emprego (para cair no desemprego) ou, alternativamente, trabalhar em canaviais ou cemitérios.

Deixar o país não era uma opção válida. Desde o ano anterior, Fidel Castro havia decidido que quem queria sair da ilha já o havia feito. Os demais, segundo ele, estavam “felizes” em permanecer. Essa felicidade não parecia corresponder à realidade; afinal, muitos saíram de lá fugidos ou tentaram fugir, sem sucesso. Outros se suicidaram. Outros mais acharam cômodo atuar como informantes. Reinaldo Arenas dá exemplos dos variados casos, mas um bem chamativo é o de Esteban Luis Cárdenas, que pulou de um edifício para dentro da embaixada argentina. O plano não deu certo, pois o poeta foi preso pelas autoridades cubanas e condenado a 30 anos de cadeia.

Ademais, havia, nas palavras de Arenas, “um dos métodos mais utilizados por Castro”: a humilhação pública. Roberto Blanco foi levado a julgamento público – na verdade, uma zombaria coletiva do mais baixo nível – no mesmo teatro em que era conceituado diretor.

É bom, para eles mesmos, que artistas homossexuais conheçam essas coisas. Em troca de dinheiro público para financiar peças, filmes, shows, eles acabam puxando saco de regimes políticos alinhados a Ahmadinejad, Saddam Hussein e Fidel, que os destruirão quando não forem mais necessários. Vejam o Ney Matogrosso. De um dia para o outro, foi rebaixado de grande artista para não mais que bicha velha.

Jornal de Brasília - 20/4/2015

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