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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Los dictadores y lós regímenes autoritários pueden destruir a los escritores de dos modos: persiguiéndolos o colmándolos de prebendas oficiales (R. Arenas).

Reinaldo Arenas foi preso em uma situação inopinada. Em 1973, foi com um amigo, Coco Salá, à praia de Guanabo. Lá conheceram uns rapazes com os quais tiveram interação íntima, mas que também furtaram suas bolsas. Coco cometeu o erro de chamar a polícia. Ao serem pegos, os ladrões retrucaram, dizendo que foram assediados por aqueles “maricones” e que, sim, pegaram suas bolsas e estavam justamente indo à delegacia para denunciá-los. Tal versão convenceu. Foi levantada a ficha de Arenas e verificou-se que ele era um contrarrevolucionário que havia publicado livros no exterior, sem autorização, em “incessante propaganda contra o regime”. Ficou detido e liberado mediante fiança.

De acusador a acusado! O mesmo aconteceu muitos anos antes com o escritor irlandês Oscar Wilde, conforme detalharei quando a hora certa chegar.

Outro erro grave foi cometido pelo próprio Reinaldo, pois “em Cuba não se pode confiar nenhum segredo”: revelou ao amigo Hiram Pratt que pretendia fugir do país pela base naval de Guantánamo. Em poucas horas a polícia bateu em sua casa e o levou. Mas a vigilância na prisão se descuidou e ele escapou. O capítulo “La fuga” é dos mais dramáticos de seu “Antes que anochezca”. Foram dois meses de perigos, fome, tentativas de suicídio. As autoridades espalharam que ele era assassino e estuprador de uma idosa; nesse clima foi enfim recapturado.

Para se sentir “menos só”, Mersault de Camus desejou que houvesse muitos espectadores de sua execução e que o “recebessem com gritos de ódio”. Na vida real, tal privilégio coube a Arenas, que foi atacado pelo povo enfurecido com pedras e pedidos de paredão.

Jornal de Brasília - 27/7/2015

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