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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

O grau de maturidade de uma nação pode ser medido pela maneira como vivencia seu direito criminal (Earl Warren).

A prisão de Castillo Del Morro, em La Havana, era destinada a presos comuns e para lá Reinaldo Arenas foi encaminhado originalmente. A ideia era que sua custódia tivesse visibilidade exatamente como preso comum e não político (ele seria acusado do crime de corrupção de menores, porque um dos rapazes com quem se envolveu na praia de Guanabo, onde tudo começou, seria um adolescente). A senhora sua mãe, Oneida Fuentes, foi levada a visitá-lo para que pudesse testemunhar com os próprios olhos onde o escritor se encontrava.

Todavia, durante sua prisão cautelar, Arenas esteve secretamente em um lugar chamado Villa Marista, que era a sede principal da Segurança de Estado de Cuba. Ali “havia uma quantidade enorme de russos; na realidade estava absolutamente controlada pela KGB e não era outra coisa senão uma dependência dela”, conforme explicou em seu livro de memórias.

Após quatro meses de intermináveis interrogatórios e fortes pressões psicológicas, Reinaldo acabou formalizando uma confissão. De próprio punho, renegou sua condição de homossexual e de contrarrevolucionário. Tais debilidades seriam purgadas pela única via possível, a integração à revolução, para a qual trabalharia dia e noite. Escreveria romances “otimistas” e faria loas aos esbirros que o denunciaram, retratando-os como “heróis”. O documento foi aprovado pelas autoridades, com um misto de entusiasmo e alívio. Afinal, a imprensa estrangeira noticiava que estava desaparecido.

Ele então voltou para o Castillo, mas só em corpo. Sua alma permaneceu em Villa Marista. Antes, apesar da angústia, dispunha de “dignidade e orgulho”. Agora a fajuta regeneração o deixou “sozinho com sua miséria”.

Jornal de Brasília - 17/8/2015

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