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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

É sumamente difícil de conhecer a fundo as atividades criminosas de grupos de alto nível de organização como a “Cosa Nostra”, da Sicília, também conhecida como “Mafia”. Seus integrantes fazem juramento de silêncio, que envolve procedimento físico doloroso (como queimar asmãos) e, ademais, dão demonstração do que são capazes, geralmente matando um policial. Pouco ou nada têm a ganhar se quebrarem a promessa. Como escreveu Jo Durden Smith, “silêncio , afastamento, sabedoria, poder: essas eram, e são, as palavras-chave que governam o comportamento dos escalões mais altos da Cosa Nostra. Elas eram e são a lei”. Todavia, isso já aconteceu, como nos casos dos “pentitos” Joe Valachi, Giuseppe Bonanno (“Joe Bananas”) e Tommaso Buscetta. 

O que a polícia desvenda é parte do organograma – ou do labirinto – da quadrilha. Sabe quem são os chefes principais e secundários e vários dos operadores, a linha de atuação, e o que mais as apurações forem desvendando. Mas, para entrar em detalhes, de modo muito especial os passos futuros, é preciso acessar a informações privilegiadas, fornecidas por pessoas de dentro. Somente assim se galvaniza sucesso das vias ordinárias de investigação, como campana, escuta ambiental e telefônica, busca e apreensão; afinal, criminosos são pessoas desconfiadas e cautelosas. A parte de cima da hierarquia – em regra, empresários respeitáveis e entrosados na “sociedade” – não trisca a mão no corpo de delito. É inútil pressionar a base, que não conhece seus superiores mediatos senão de vista ou por ouvir falar.

O caso mais típico de capo que pagou por parcela ínfima de seus crimes, no conjunto da obra, foi Al Capone. Mas o próprio “maxipro - ces so” de Giovanni Falcone, com 344 condenados, não foi além do chamado “terceiro nível” hierárquico: o dos políticos.

Jornal de Brasília - 5/10/2015

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