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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

No final de 1988, o general José Abrantes, ministro do Interior de Cuba, dirigiu-se ao Palácio de La Revolucion para despachar com o presidente Fidel Castro. Homem de extrema confiança, Abrantes tinha acesso direto ao palácio (mas não propriamente ao gabinete do chefe; isso nem Raúl tinha). Fidel determinou que o chefe da segurança, Juan Reinaldo Sanchez, não gravasse a conversa, o que causou estranhamento, pois as audiências costumavam ser registradas por microfones escondidos. As fitas eram guardadas. Não se sabe se continuam sendo. Se os historiadores um dia tiverem acesso a todo esse material, muita coisa interessante vai ser revelada.

Também foram incomuns a demora do encontro e o fato de Fidel não ter pedido uísque e café. Intrigado, Sanchez ligou a escuta e passou a ouvir a conversa, que o deixou "estupefata, incrédulo, petrificado", em suas palavras. Tratava-se do pedido de um "lanchero" (transportador de drogas em lancha) cubano que morava nos EUA para passar uma semana de férias com a família em Santa Maria Del Mar, uma praia paradisíaca perto de La Habana. Para tanto, estava disposto a pagar U$ 75.000. Fidel concedeu, conquanto preocupado com a possibilidade de comentários com terceiros. Foi designado para acompanhar o episódio o coronel Antonio "Tony" de La Guardia. Este foi o chefe do Departamento MC, criado em 1986, cuja sigla significava "Moeda Convertível" (mas que logo recebeu o apelido de "Maconha e Cocaína"), e acostumado a missões especiais. 

Diz Sanchez que, "em poucos segundos, entendi que o homem a quem eu sacrificava minha vida e era mais importante que minha própria família, estava envolvido no tráfico de cocaína a ponto de comandar operações ilegais como um verdadeiro mafioso". 

P.S. Este é o meu artigo Nº 350 no Jornal de Brasília.

Jornal de Brasília - 2/11/2015

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