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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

A parte mais macabra do episódio Arnaldo Ochoa diz respeito a Raúl Castro, que coonestou o farsesco julgamento de seu melhor amigo. Em nome do bem maior – a revolução comunista –, algumas decisões difíceis realmente são necessárias. Mas Raúl não é de ferro e caiu em depressão e no alcoolismo. Nas palavras de Juan Reinaldo Sánchez, “o número dois do regime começou a beber como uma esponja. Estava sempre tão bêbado que era impossível os ministros e os generais não perceberem”.

E mais: ele estava morrendo de medo de ser eliminado por seu irmão Fidel. Houve um encontro entre ambos em “La Rinconada”, a casa de Raúl, num domingo de manhã. Eles foram para um lugar mais reservado, mas Sanchéz garante que ouviu perfeitamente a conversa. O irmão mais velho passou um sermão no caçula e o tranquilizou, dizendo que  não teria o mesmo destino, “a não ser que continue com essa atitude deplorável”, qual seja, a de beber em excesso. Deu-lhe uma segunda chance: “jure sair desse estado deplorável e prometo que nada lhe acontecerá”.

Esses fatos, além do gravíssimo envolvimento direto do presidente de Cuba com o narcotráfico internacional, não são acusações minhas. Não tenho elementos para tanto e muito menos autoridade legal para formulá-las. O que fiz foi narrar, brevemente, revelações de pessoas que conheceram fatos de perto, como Juanita Castro, Reinaldo Arenas, Juan Reinaldo Sanchez, Guillermo Cabrera Infante e Juan Pablo Escobar, cada qual à sua maneira.

Revelações ou imputações? Falsas ou verdadeiras? Obras como “A vida secreta de Fidel” devem ser acolhidas sem nenhuma reserva ou será que contém dados exagerados ou fantasiosos? Ou mentirosos? Essas não são decisões que cada um pode tomar livremente. Querer ou não acreditar é um desejo cuja força não muda a realidade das coisas. 

Jornal de Brasília - 16/11/2015

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