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Ivaldo Lemos Junior 
Promotor de Justiça do MPDFT

Muitas vezes o estrago que o macho-gama está fazendo no “establishment” político é mais corrosivo do que o alfa é capaz de reconhecer ou, em reconhecendo, reagir. O chefe precisa ter olhos e ouvidos bem abertos para compreender toda a trama e perceber o que há por trás das aparências. De modo especial, a quantas andam as movimentações do macho-gama e se o beta segue firme como tal.

Enquanto coronel Ramiro tinha Capitão como gama, tudo estava sob controle. Aquele até admitia que este tinha lá “sua razão”; afinal, derrubou-lhe o pai do poder e um fio de ressentimento era compreensível. Mas Mundinho Falcão era novo na praça e não tinha rancores. Nem estava brincando. Foi ele quem abriu rua na praia, fundou jornal, financiou o comércio das marinetes, trouxe agência bancária, e o mais importante: conseguiu engenheiro do Ministério da Viação para reexaminar a viabilidade da barra do porto. Se o cacau pudesse ser escoado de Ilhéus para Europa e Estados Unidos, a produção não precisaria ir para Salvador (ou “Bahia”, como era chamado), coisa que muito complicava em nível logístico e encarecia em termos tributários. Os fazendeiros teriam mais lucros e a cidade ganharia em riqueza.

Ramiro ainda era forte. Gostava de ter a mão beijada. Nomeava delegado e outras autoridades, o intendente era seu fantoche. Mas isso era pouco perto do que macho-gama já estava fazendo. Coronel Altino foi ter uma conversa franca com Ramiro; admoestou-lhe que “quem tá governando, já faz tempo, é Mundinho Falcão” e que “uma terra não pode ter dois governos”. Propôs um arranjo, com Ramiro como alfa e Mundinho como beta, mas o coronel não só o rechaçou, como perdeu Altino em definitivo na acidez de sua resposta. Assim, de beta-beta de Ramiro, Altino se tornou beta-alfa de Mundinho. Foi o começo do fim.

Jornal de Brasília - 21/12/2015

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