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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Quem me acompanha aqui no Jornal de Brasília sabe que publiquei bastante sobre “Gabriela, cravo e canela”, sob o viés da antropologia política. Confesso que os primeiros artigos foram escritos com base na minissérie da TV. Só depois li a obra de Jorge Amado. Em minha modesta e envergonhada opinião, o seriado captou a essência estética do livro e foi fiel em uma visão geral, mas dele se distanciou em alguns aspectos importantes e muitos detalhes. Vejamos. 

Não há Lindinalva nenhuma. Há uma breve menção a um Dr. Juvenal e outra a Berto, e ambos não são irmãos. Miss Pirangi, Zarolha, Teodora eMaria Machadão são personagens secundários, alguns sem qualquer fala. Não consta do livro o bordão “hoje eu vou te usar”, do coronel Jesuíno para com sua mulher Sinhazinha, nem o “Jesus-Maria- José”, mantra de D. Doroteia (figura bastante discreta, diga-se). As expressões “oxi” e “por demais” são repetidas à exaustão, mas somente na versão televisiva. 

A diferença entre minissérie e novela é que a primeira tem começo, meio e fim, e costuma se inspirar em obra de reconhecido valor literário. Já a novela tem apenas os capítulos iniciais; seu desenvolvimento depende das pesquisas de audiência. Em razão da premência das gravações, é inevitável que a trama fique confusa e acabe apelando para a baixaria, sendo o leit - motif dúvida sobre paternidade. 

Foi no quesito das relações subjetivas que aminissérie “Gabriela” optou por desabar nos braços frouxos da novela. Nem de longe há romance entre Maria Machadão e Ramiro, Ezequiel e Olga, Zarolha e Manoel das Onças, Mundinho Falcão e Jerusa, e, last but not least, para compor a agenda gay atual, coronel Amâncio Leal e o “invertido” Miss Pirangi. Mesmo Gabriela e Nacib não têm final feliz típico, eles não voltam exatamente a formar um casal.

Jornal de Brasília - 18/1/2016

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