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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

O título do livro Agosto, de Rubem Fonseca, diz respeito a esse mês do ano de 1954, quando a situação política do país estava bastante delicada. A tensão se agravou com o atentado ao jornalista Carlos Lacerda, no dia 5, e culminou com o suicídio de Getulio Vargas, no dia 24. Esses fatos são reais e de amplo conhecimento. Há algumas divergências entre os historiadores, mas nada que se compare, e.g., ao assassinato do presidente americano Kennedy, em que permanecem controvérsias e o inquérito oficial nunca foi aceito em definitivo.

Agosto também tem histórias paralelas, envolvendo assassinatos, amores e outros eventos fictícios. O protagonista, comissário de polícia Alberto Matos, é totalmente inventado, assim como suas namoradas, colegas e conhecidos. O comissário cuida de um homicídio cujo autor a perícia detectou como sendo negro e que deixou na cena do crime um anel gravado com a letra F. Vendo no jornal uma foto do negro Gregório Fortunato (real), chefe da guarda do presidente Vargas (real), com anel idêntico ao do assassino, Matos (irreal) passa a desconfiar dele; o F seria de Fortunato. A pista estava totalmente equivocada, pois o objeto pertencia a Chicão (irreal) – o Fera de Francisco –, o que Matos acaba descobrindo, mas tarde demais.

Rubem Fonseca não altera biografias. A trajetória dos personagens de verdade não é sequer triscada pela “vida ” dos personagens de mentira. O autor conseguiu fazer essa harmonização com muita habilidade. O fato de Matos ter “entra - do ” no palácio do Catete no dia do suicídio é relevante para os objetivos do romancemas é irrelevante para o que de fato se passou ali. Veja a diferença entre isso e o filme “Bastardos inglórios”, que retrata Adolf Hitler morrendo queimado em um cinema em Paris, o que é de inverdade absurda.

Jornal de Brasília - 8/2/2016

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