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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Nelson Rodrigues largou a escola aos 15 anos para se dedicar ao jornal do pai, onde trabalhava como repórter policial (antes, havia sido expulso de outro colégio, em razão de questionamentos a professores, que se vingavam dando-lhe notas baixas). Isso não o impediu de produzir uma obra prolífica, na forma de artigos, crônicas, frases, tiradas, peças de teatro, romance. Muitos o consideram um gênio.

Não sei se me expressei bem quando disse que a falta de escola não "impediu" Nelson de ler, crescer e criar. Isso porque o escopo da educação formal seria justamente esse, não a distribuição de diplomas e títulos que não traduzem algo além da satisfação pessoal. Creio que o ideal pedagógico seja gabaritado no dia em que: (1) facilitar que os gênios descubram que são gênios; (2) fomenta o potencial dos regulares, para que escapem o máximo possível da faixa da mediocridade e sejam úteis no futuro; (3) fazer alguma coisa em benefício dos ruins, a fim de que adquiram conhecimentos mínimos e explorem um certo nível de capacidade de abstração. Se sobreviverem à vida estudantil com autoestima em dia e longe das drogas, já não foi tempo perdido; (4) ter uma programação individualizada para casos peculiares em termos intelectivos, físicos ou comportamentais, em vez do binômio fácil dar pau/expulsar.

A vida escolar não faz sentido se consistir no despejo de conteúdo na sala de aula e o correspondente terror das provas. O professor que, sem mais nem menos, explica a geografia das Montanhas Rochosas ou as regras da análise sintática, para que o jovem intua que deva saber aquilo para passar de ano, está contribuindo não para o aprimoramento da inteligência geral, mas para que se perceba que o melhor para si é cair fora e estudar por conta própria. Ou fazer qualquer outra coisa na vida.

Jornal de Brasília - 22/2/2016

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