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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Se você completou o ensino médio, antigamente conhecido como “segundo grau” (no Colégio Militar a gente dizia “científico”), deve se lembrar do tempo que gastou fazendo exercícios matemáticos como matrizes, polinômios, análise combinatória. Talvez você já viesse tendo problemas de fixação de aprendizado desde o ensino fundamental (“primeiro grau”), que foram dramaticamente se afundando nos seus cadernos, nas suas notas, na sua autoestima. Ou então não teve qualquer experiência de aprendizado, simplesmente porque não estava entendendo patavina. Foi um alívio quando jogou os livros fora e esqueceu que aquela coisa toda existia.

Hoje você ri da própria “burrice”, satisfeito por ter rido melhor: afinal, a tortura não serviu foi para nada, nem mesmo na etapa estudantil seguinte, a universitária, se o curso escolhido foi de humanas. Todavia, o que pode haver é falta de percepção de que o conteúdo tinha uma razão mais producente do que o escopo mesquinhamente burguês de passar de ano, ainda que raspando.

Um dos mais inegáveis aspectos que distinguem o homem dos outros animais é a introversão dos processos mentais de adaptação ao mundo. Não se trata de inteligência, no sentido de ajuste ao ambiente imediato, quesito no qual somos inferiores a muitos bichos, em termos de velocidade, visão, sistema imunológico. Trata-se, ao contrário, do diferimento da reação orgânica, do rompimento (embora não total) dos afetos em função da objetividade e da abstração. A “l in gu ag em pr opo si cio nal ”, para me valer da expressão de Cassirer, vai encontrar forte tipicidade na matemática, cujo objeto é inexistente senão em uma configuração ideal. Relacionar números é conversar consigo mesmo, é entrar em entendimento com as próprias desilusões. Entrar em “recuperação”é se olhar num espelho de prata.

Jornal de Brasília - 7/3/2016

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