No artigo “Sombra”, publicado no Jornal de Brasília de 19/10/2015, eu disse que Hitler não teve filhos e Shakespeare não teve netos. A informação não está correta. O poeta inglês teve três filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. A primeira teve uma filha, Elizabeth, que não procriou, embora tenha se casado duas vezes. Hamnet morreu aos 11 anos. Judith casou-se uma vez e teve três filhos: Shakespeare (sic), Richard e Thomas; estes não tiveram filhos e o xará do avô morreu ainda bebê. A retificação devida, portanto, é a de que Shakespeare teve netos, mas não bisnetos, pois a descendência direta do Bardo terminou em Elizabeth, nos longínquos idos de 1670.
De qualquer forma, esta errata abre oportunidade para, nas próximas semanas e intermitentemente, falar um pouco de Shakespeare, sua vida, sua obra, a Inglaterra medieval em que existiu. Esse assunto é muito mais refrescante do que Hitler, Fidel e Charles Manson, que ocuparam tanta atenção em artigos anteriores.
A morte da princesa Leopoldina, aos 29 anos, doente, humilhada, inocente, piedosa, mãe de cinco filhos vivos (além de outros dois mortos), bem como uma malsinada guerra na Banda Oriental (atual Uruguai), fizeram a opinião pública voltar-se contra Dom Pedro I. Um jomal de oposição, Sentinela da Liberdade, publicou as seguintes palavras acerca do imperador “Que podeis esperar de um perjuro, lacaio de estrebaria, bonacho cachaceiro, sem educação e sem princípios, sem honra e sem fé, sem probidade e sem moral, sem talento e sem virtudes, sem costumes e sem religião, sem palavras e sem vergonha; mau filho, pior pai, péssimo marido, iníquo monarca, de cuja boca nunca se tem ouvido uma boa palavra e de cujo coração jamais tem aparecido uma obra boa”. Que triste país que tem isso a falar de seus governantes!
Jornal de Brasília - 30/5/2016
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