Antigamente, nas sociedades tradicionais, os velhos eram sinônimo sabedoria. Atualmente, a sociedade os julga improdutivos. No Brasil, envelhecer está relacionado a um processo de decadência física e mental. É conceito equivocado, pois muitos idosos ainda são independentes e preservam a autonomia. Por isso, devem ter respeitados os direitos de opinião e escolha.
Em alguns casos, as decisões das pessoas idosas são desconsideradas pela própria família e, até mesmo, pelos profissionais de saúde e de assistência social, os quais acreditam ter o conhecimento técnico para decidir o que é melhor para eles.
Assim, a ideia que os idosos fazem de si próprios é de insignificância, o que os faz adotar uma atitude apática diante da vida, de seu valor como cidadãos.
Na família, o idoso, muitas vezes, não é escutado para dar opiniões, escolher o lugar onde quer estar ou, mesmo, para dizer qual o programa de TV a que prefere assistir. A violência é potencializada pelo alcoolismo ou pelo uso de outras drogas, a baixa escolaridade e a dependência do agressor em relação ao idoso.
Nesse contexto, não obstante, tantas proteções legais, a violência contra idosos tem crescido assustadoramente, pois as marcas das agressões não são apenas físicas, mas também psicológica e, muitas vezes, moral. A violência parece revelar ao idoso o sentimento de incapacidade em lidar com os filhos, os netos, o companheiro e em enfrentar o mundo que o cerca.
Em muitos casos, a conduta do próprio idoso contribui de forma decisiva para a rejeição dos demais membros do grupo social ao qual pertence. Exercer direitos não é questão de idade, de saúde mental, de condição social. Deve ocorrer em qualquer tempo. Exige do sujeito tomada de consciência acerca de vivências cotidianas, de sua possibilidade de expressar necessidades de forma individual e coletiva.
Jornal de Brasília - 20/6/2016
O MPDFT informa que todos os textos disponibilizados nesse espaço são autorais e foram publicados em jornais e revistas. Eles são a livre manifestação de pensamento de seus autores e não refletem, necessariamente, o posicionamento da Instituição.