Sandra de Oliveira Julião
Promotora de Justiça do MPDFT
O envelhecimento é um processo natural do desenvolvimento humano que implica em um número progressivo de perdas. A perda da saúde, do emprego, com a chegada da aposentadoria, dos familiares, etc. Nesse processo, é importante garantir ao idoso que preserve a sua singularidade e exercite a capacidade de escolher para si possibilidades de significar a própria existência.
Sabe-se que a capacidade funcional da pessoa é afetada com o passar do tempo, mas é preciso ressaltar que mesmo diante de um contexto em que o gerenciamento das atividades da vida diária possa estar prejudicado pelo processo natural do envelhecimento, o idoso deve ter potencializadas suas capacidades e respeitadas suas limitações.
O exercício da autonomia viabiliza o envelhecimento saudável porque reconhece o idoso como pessoa ativa.
É preciso compreender que um idoso possa escolher permanecer sob os cuidados de um filho negligente, porque sua escolha é feita a partir da sua realidade e experiências, e do modo como construiu a vida. Retirar o idoso do convívio de sua família contra a sua vontade é retirar-lhe o direito de escolha e impor a ele a escolha que pressupomos mais adequada. Isso pode causar-lhe mais dor e sofrimento.
A atitude paternalista da sociedade em relação ao idoso tem sido a de fazer tudo no lugar do idoso, negando sua liberdade, autonomia e capacidade de escolha, que devem ser preservadas durante toda a vida.
Envelhecer saudável é envelhecer de forma ativa, dando oportunidade para o idoso exercer sua autonomia, ou seja, desenvolver suas potencialidades. Assim, o suporte social, não deve ser substitutivo da vontade do idoso, mas deve favorecer a expressão da mesma e assegurá-la.
Jornal de Brasília - 27/9/2016
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