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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

O estudo da história reclama uma complexa confiança nas fontes do conhecimento. O interessado ou o profissional se instruem sobre assuntos que não vivenciaram, muitos ocorridos anos e anos antes de nascerem. Tantas vezes os livros consultados foram escritos por pessoas que tampouco eram nascidas, até que essa corrente chegue aos contemporâneos dos episódios propriamente ditos. Ainda assim, não há garantia de que o contato em primeira mão seja privilegiado. É possível que alguém que vivesse em Paris em 1789 entendesse menos de Revolução Francesa do que um profundo estudioso dos dias atuais.

Ter como verdadeiro um fato é uma decisão que passa por alguns filtros, dentre eles: (1) que conhecimento real o autor possui? (2) se indireto, qual a sua bibliografia? (3) o relato está em congruência com o que se sabe por outras vias? (4) por qual motivo se escreveu? Esta última pergunta escancara a questão da confiabilidade. Quanto maior o desinteresse ou o perigo de se meter em encrenca – até mesmo morte --, maior a chance de o autor merecer voto de consideração.

John Shillibeer era britânico e passou nove dias no Rio de Janeiro, em 1814. O tempo foi curto para se qualificasse como conhecedor da cultura e dos costumes da cidade. Mas viu com os próprios olhos a arquitetura, o comércio, o trabalho escravo pelas ruas, as belezas naturais. Talvez tenha se precipitado ao dizer que “as leis desse lugar são muito insatisfatórias; sem dinheiro é impossível obter justiça, e com dinheiro impede-se que a justiça seja administrada”. Como chegou a uma conclusão tão forte tão rápido? Isso era tão óbvio assim? Se ele sabia que os brasileiros odeiam quando um estrangeiro desmerece o país (a exemplo daquele nadador americano), da minha parte vou tender a acreditar nas coisas que ele escreveu. 

Jornal de Brasília - 12/12/2016

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