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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

A cena mais tocante do filme “A lista de Schindler” é aquela em que, ao fim da guerra, Oskar Schindler recebe um anel de presente e se lamenta por não ter salvo mais judeus. Aos prantos, diz que seu carro poderia ter poupado dez vidas, o broche de sua lapela, duas. Uma que fosse! Sobreviventes o consolam, num abraço silencioso, de respeito e agradecimento – e que selou a união de duas religiões incompatíveis.

Quando se encontram as religiões, e mesmo suas divisões internas, o resultado costuma ser explosivo, com perseguições, mortes e ressentimentos. Aqui, o que se trouxe à balha foi o que judaísmo e cristianismo têm de melhor. A fidelidade do primeiro e a caridade do segundo são, em verdade, os pilares mais sólidos que esteiam a experiência humana. Em um segundo nível, tem-se a filosofia grega e o direito romano. Em um terceiro, a literatura (inglesa, francesa, russa, espanhola), a matemática e a música. Depois, a arquitetura, as artes plásticas, a biologia, a química e a medicina.

Na vida real, Schindler proferiu suas derradeiras palavras no campo (ou na trapaça) de Brünnlitz em 8.5.1945, depois que Churchill anunciou na BBC a rendição da Alemanha. A fábrica seria fechada e ele e a mulher teriam que fugir. No discurso, que foi registrado por duas taquígrafas e está disponível na internet, Herr Commandant aconselhou os judeus a agirem de modo “justo e humano” e que deixassem punições para as autoridades, até porque muitos não conheciam ou não aprovavam a extensão do holocausto. Depois, recebeu o anel. Admirou-o longamente, pediu que traduzissem a inscrição e indagou de onde vinha o ouro de que fora feito. Como vinha da ponte dentária de um prisioneiro, as pessoas acharam que Schindler faria uma piada. Mas, num gesto solene, ele o colocou no dedo e nada disse.

Jornal de Brasília - 2/1/2017

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