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Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT

Oskar Shindler se arriscou muitíssimo para ajudar judeus, e até hoje ninguém tem uma explicação cabal para isso. A mais provável é a mais simples: ele era um homem bom, que se alistou no partido nazista por conveniência, mas não coonestava sua ideologia, nunca seviciou judeus nem os considerava seres inferiores que mereciam ser eliminados. Estava dentro do sistema, mas contra.

Prova irrefutável disso é a fábrica de Brünnlitz, que conseguiu montar em sua terra natal, a Checoslováquia. A indústria anterior, na Polônia, produzia bens com mão de obra escrava judaica. Mas Brünnlitz – tecnicamente, um campo de concentração privado – não produzia absolutamente nada. Era uma farsa que custou uma fortuna e só dava prejuízo, com o fim único e exclusivo de proteger os cativos. Para tanto, Oskar alimentava o corrupto aparelho nazista, bajulando-o e peitando-o com chá, cigarros, peixe enlatado, vodca, diamantes, o diabo.

Antes disso, em uma baldeação em Plaszóvia, foi oferecida água nos vagões do trem, a pedido insistente de Schindler. Ele havia subornado (com uma sela de cavalo) o chefe do campo, Amon Goeth e, ali, na frente de todos, um oficial da SS. Os demais guardas se divertiram com o esforço. Afinal, os prisioneiros estavam a caminho de Mauthausen, ou seja, seriam exterminados em pouco tempo. Isso significa que o conforto para eles era efêmero, mas as consequências talvez fossem atrozes para Schindler ele mesmo, pois poderia ser denunciado por crime racial – ajudar judeus – e levado para Montelupich, a cadeia da Gestapo, ou até para Auschwitz.

Schindler tinha outro talento notável: socializar com gente que desprezava – como o próprio Goeth, que o tinha como amigo –, sem ser falso, sem ter que depois meter a cara numa banheira cheia e dar o berro mais escandaloso do mundo.

Jornal de Brasília - 9/1/2017

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