Ivaldo Lemos Junior
Promotor de Justiça do MPDFT
O programa nazista “Levensborn” foi um fracasso total. Não poderia ter desfecho diverso a reprodução mecânica de gente como se fosse de animais. Paralelamente, em outro lance do processo de depuração da espécie, eram exterminadas em massa pessoas à margem do milenarismo ariano. Com a derrota dos alemães, crianças ficaram abandonadas, ferozmente discriminadas. Elas haviam sido geradas para se tornar símbolo delas mesmas, e o que acabou acontecendo foi o oposto. Muitas sofreram abalos emocionais e mentais ou foram violentadas. Esse assunto não está enterrado ainda.
Aqueles eram tempos de franca liberdade sexual – que incluía certa leniência quanto ao conceito de estupro --, desde que o que estivesse em jogo fosse a multiplicação e a perpetuação da raça. Frida, ex-cantora do ABBA, foi fruto de uma união casual entre um sargento alemão e uma jovem norueguesa. Ao que consta, o militar a seduziu ofertando-lhe uma preciosidade em época de guerra: um saco de batatas. Os nazistas eram amplamente incentivados a passar adiante seus genes, fora do contexto de família tradicional ou mesmo de afetividade vigente entre o par.
Matrimônio não é uma armadilha do conservadorismo moral, não é uma instituição que maviosamente determina quando as relações são lícitas e os filhos, legítimos. Casamento é uma convenção que garante que o casal seja reconhecido como um casal. Isso não ocorre à plenitude quando os noivos estão apaixonados e dizem um melífluo sim um ao outro numa cerimônia, mas quando as instâncias antropológica e jurídica estão em sintonia.
P.S. Mudando de assunto. O carro em que estava John F. Kennedy, quando foi assassinado, em 1963, continuou sendo utilizado por mais catorze anos e conduziu outros quatro presidentes americanos. Isso é o que se pode chamar de fleuma!
Jornal de Brasília - 16/1/2017
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