Por um dia, Promotores e Promotoras de Justiça deixaram os gabinetes para levar a 20 escolas da rede pública do Distrito Federal orientações sobre direitos e deveres do cidadão no relacionamento com a polícia. O encontro entre estudantes e Promotores, realizado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), tem como principal objetivo divulgar a cartilha Polícia Cidadã entre os jovens. A publicação traz orientações sobre o que a polícia pode ou não fazer e como o cidadão deve agir em caso de abusos.
Em Ceilândia, os adolescentes lotaram o auditório do Centro de Ensino Médio nº 4 para ouvir os Promotores de Justiça Alexandre Sales e Daniela Marques. “Vocês conhecem este livro?”, perguntou o Promotor, mostrando um exemplar da Constituição brasileira. “Aqui estão nossos principais direitos e garantias. Um deles é o direito à segurança.”
Os jovens receberam orientações sobre o que podem ou não fazer durante abordagens policiais e nas situações cotidianas de contato com a polícia. “Toda sociedade tem regras e as polícias existem para garantir o respeito a essas regras”, explicou Daniela. “Mas isso deve ser feito dentro das leis. Se houver algum abuso, o cidadão deve procurar as corregedorias ou o Ministério Público.”
A estudante Samara, de 16 anos, não sabia onde procurar seus direitos. “Isso já aconteceu na minha família, agora sei como agir”, garante. O garoto Isaac, de 14 anos, também gostou da palestra. “Eu sabia algumas coisas, outras não. Estou mais informado agora”, diz.
O supervisor administrativo da escola, Washington Luis de Oliveira, considera a experiência bastante positiva. “Os jovens da periferia têm a impressão de que o poder público está muito distante deles. Aposto que muitos não sabiam que existe uma Promotoria aqui mesmo em Ceilândia”, avalia.
Os Promotores de Justiça André Luiz Pereira do Lago César, Cláudio Henrique Portela do Rego e Alexandre Chmelik Pucci distribuiram aproximadamente 400 cartilhas para os alunos, professores e servidores do Centro de Ensino Fundamental 103 de Santa Maria. A diretora, Quintina Sales, elogiou a iniciativa do Ministério Público e agradeceu a presença dos Promotores. Ela também solicitou mais cartilhas para distribuir aos demais alunos da escola.
Hip-Hop
O centro de Ensino Médio nº 3 de Brazlândia recebeu os Promotores de Justiça Tiago Alves Figueiredo e Leandro Lobato. Cerca de 500 alunos assistiram palestras dos representantes do Ministério Público, do Major Edgar Rojas, da 9ª Companhia da Polícia Militar, do agente da Polícia Civil Edilson Leitão, da 18ª DP, e do representante do Conselho Tutelar de Brazlândia Paulo Humberto. O grupo de hip-hop Pró-Ativo, formado por estudantes da cidade, abriu o evento apresentando rap com o tema do projeto.
"... Não é ficção, não pode ser conto de fada. Comunidade e a polícia juntas de mãos dadas...
... Se achar que houve abuso é simples: denuncia ao Ministério Público ou pra Corregedoria.
Isso é responsabilidade compartilhada. Esforço isolado a gente não consegue nada...."
Para o Promotores de Justiça Tiago Figueiredo e Leandro Lobato, o principal objetivo da campanha nas escolas é formar cidadãos mais conscientes dos seus direitos e deveres. O Major Rojas falou sobre a atuação da Polícia Militar em Brazlândia. O policial apresentou o projeto PM e você, que também coloca a comunidade local como responsável pela segurança da região. A Polícia Comunitária no DF foi o tema da palestra do agente de Polícia Edilson Leitão. O projeto é baseado em experiências positivas de outros países na área de segurança pública.
Para os estudantes, mais que um dia de visitas, o evento foi a oportunidade de saber mais sobre o trabalho da polícia e como contribuir para ter os agentes de segurança e o Ministério Público como parceiros. O estudante do 1º ano, William Silva, 16 anos, acredita que “todo mundo costuma falar que os policiais estão errados. Mas, estão apenas fazendo o papel deles. Temos que respeitar”.
Os adolescentes do grupo de hip-hop Rafael Alves e Nathia Makiiyama, ambos de 16 anos, defendem a importância de campanhas como a polícia-cidadã. “O hip-hop é uma forma de chamar a atenção dos jovens. A maioria das informações da cartilha não chegam a ser novidade, mas é sempre bom reforçar”, afirma Nathia.
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