A palestra sobre Feminismo, Direito e Cidadania das Mulheres, realizada na quarta-feira (11), teve clima de bate-papo. Coordenado pela Promotora de Defesa da Ordem Urbanística Danielle Martins Silva, o encontro contou com a presença da Diretora Executiva da Organização Não Governamental Ações em Gênero Cidadania e Desenvolvimento (AGENDE), Marlene Libardoni, que falou sobre a condição da mulher na sociedade.
Marlene declarou-se ativista e militante do feminismo, e destacou a importância da igualdade de direitos para contemplar a cidadania. Explicou sobre o movimento feminista desde o século XIX, na Europa, até a atualidade. Para os que indagaram sobre o fim do movimento feminista, respondeu: “O movimento não acabou; ele mudou muito, principalmente no Brasil. Existem várias formas de feminismo.”
De forma descontraída, as participantes falaram sobre a luta das mulheres para equiparar seus direitos aos dos homens, a diferença salarial e o difícil acesso aos cargos de poder. A Promotora Danielle Martins esquentou o debate ao colocar que o acesso feminino a cargos principais é dificultado pelo discurso de que as mulheres não têm características para o exercício do poder.
Para a Promotora, a Lei Maria da Penha ainda é um assunto muito polêmico, porque as vítimas não se reconhecem dentro do contexto de violência, o que dificulta a punição dos culpados. Marlene Libardoni complementou que existe uma grande dificuldade para as mulheres perceberem que estão sofrendo algum tipo de dano, e que muitas resistem a lutar contra a violência.
Marlene, que coordena a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, ressaltou a importância de denunciar os atos de violência. Segundo a ativista, esses atos persistem em nossa cultura, e o grande desafio da sociedade é perceber que a discriminação feminina deve acabar. “A campanha abriu vários espaços de discussão sobre a violência contra as mulheres”, disse.
Quando a Promotora Danielle Martins questionou Marlene sobre o foco da luta feminista no século XXI, a militante citou o caso da menina estuprada pelo padrasto, em Pernambuco. Disse que, no Brasil, o embate dos direitos feministas com a igreja sempre existiu, e que debater os direitos sexuais e reprodutivos ainda causa polêmica. “O controle pelo corpo feminino sempre existiu, seja pela família, igreja ou sociedade. A luta pelos direitos da mulher é vital”, afirmou.
Maria Florentino, Servidora da Promotoria de Justiça Santa Maria, comparou a sociedade machista a uma corrida em que os homens estão sempre na frente, e disse que deveria ser possível para as mulheres saírem com a mesma vantagem. Lembrou também a discriminação racial, que faz com que o salário de um homem branco seja até quatro vezes maior que o de uma mulher negra. “As mulheres não querem ser iguais aos homens, querem apenas direitos iguais”, concluiu Maria Florentino.