A segunda tarde do ciclo de palestras de ambientação teve como tema geral O Servidor no MPDFT. Na primeira palestra, o professor da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU) Volker Egon Bohne falou sobre Ética e Cidadania no Serviço Público.

“As novas gerações estão sendo treinadas para o individualismo e a competitividade”, lamentou. “É preciso mudar esse foco, aprender a colaborar, estabelecer parcerias e colocar o bem comum acima dos interesses individuais”. Para Volker, esse é o verdadeiro sentido do serviço público, e os servidores que não têm essa percepção acabam perdendo a motivação e o interesse pelo trabalho, por maiores que sejam seus salários.

O professor lembrou que qualquer negócio que não tem como centro o cliente não terá sucesso. “No serviço público, os clientes são tanto as pessoas que procuram atendimento, quanto os colegas de outras áreas que buscam auxílio”, disse. Ele alertou ainda sobre a necessidade de correr riscos: “Só erra quem faz. Muitas vezes, por medo de errar, as pessoas preferem não agir. Quem consegue mudar essa atitude torna-se um ativo colaborador não apenas da instituição, mas de si mesmo”.

Volker também explicou a diferença entre os conceitos de ética, que é estabelecida pela organização ou grupo social; e moral, que vem da convicção pessoal de cada um. “Podem acontecer situações em que determinado comportamento ético, estabelecido pela empresa ou instituição, entre em conflito com a moral pessoal. Nesses casos, a primazia sempre será da ética. O indivíduo pode escolher deixar a organização e procurar outra em que não precise agir contra seus valores”, defendeu. Segundo Volker, a ética não é imutável, mas as mudanças devem visar sempre o bem comum.  

A gestão ambiental no MPDFT foi o tema da Promotora de Justiça Tânia Regina Fernandes. Ela destacou o aumento do consumo no mundo moderno e apresentou um filme da Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P). Trata-se de uma ação voluntária proposta pelo Ministério do Meio Ambiente que incentiva os órgãos públicos a utilizarem de forma sustentável os recursos naturais, reciclarem resíduos e pouparem matéria-prima.

Tânia Fernandes citou ações do grupo de gestão ambiental do MPDFT, como a mudança dos sistemas de ar-condicionado, iluminação, e irrigação no prédio do Edifício-Sede; a adoção do papel reciclado e a coleta seletiva de lixo. A Promotora explicou que todo o material recolhido no MPDFT é doado para cooperativas. “Não podemos ter qualquer tipo de lucro, porque lidamos com bens públicos”, ressaltou  Ela esclareceu que o trabalho do grupo de gestão ambiental é voluntário, e encerrou pedindo a colaboração de todos os novos servidores da casa.

Para o Promotor de Justiça Ivaldo Lemos Júnior, os brasileiros ainda têm, culturalmente, a visão de que a coisa pública não pertence a ninguém. Ivaldo falou sobre a obrigação jurídica de ser honesto, e citou alguns crimes do código penal que são praticados contra o patrimônio público. Ele ressaltou a necessidade do Ministério Público ser um bom exemplo, por se tratar de um órgão que fiscaliza os demais. “O nível de honestidade no MPDFT é muito alto”, afirmou. “Não se pode fazer faxina com as mãos sujas.”

O Promotor mencionou a dificuldade dos concursos públicos, e disse ser favorável a provas mais fáceis e a um estágio probatório permanente, para equilibrar a avaliação dos Servidores. Também descreveu algumas características importantes para um servidor público, como assiduidade, disciplina, iniciativa e produtividade. Para encerrar, Ivaldo destacou a importância da convivência harmônica: “O Ministério Público não se encerra na figura do Promotor; inclui todos que trabalham aqui. Promotores não fazem nada sozinhos.”

O Mestre em Educação Fernando Velloso Filho ministrou palestra sobre o envolvimento do Servidor no trabalho. Ele destacou a importância da dedicação e compromisso, e utilizou sua própria experiência de 21 anos no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios para demonstrar a relação de cumplicidade com o que se faz. 

Fernando citou uma pesquisa da Universidade da Carolina do Norte, segundo a qual 12% dos trabalhadores nos Estados Unidos afastam-se do serviço devido a uma profunda insatisfação. “Para evitar esse quadro, é fundamental procurar manter um bom relacionamento com os colegas e uma postura profissional adequada”, afirmou. Velloso finalizou a apresentação com um vídeo da música “Aquarela”, do compositor Toquinho, para ilustrar como as pessoas devem encarar o futuro na vida e no trabalho.