Cerca de 80 jovens participaram, na última terça-feira, do projeto MPDFT nas Escolas de São Sebastião. A iniciativa da Promotoria de Justiça de São Sebastião, em parceria com a Diretoria Regional de Ensino da cidade e a ONG Vida e Juventude, quer aproximar o Ministério Público da comunidade escolar e mostrar aos jovens em idade mais vulnerável os prejuízos que o caminho da criminalidade e das drogas pode trazer.
São Sebastião, distante 20 quilômetros do Congresso Nacional, é a cidade com maior número de mortes de jovens. "Esse dado decorre de dois fatores: primeiro, o problemas das drogas e das gangues da cidade; segundo, São Sebastião é a cidade mais jovem do DF - 80% da população tem menos de 30 anos. O objetivo do MPDFT é reverter esse quadro informando quem ainda não ingressou nas gangues", destacou o promotor de Justiça Antônio Suxberger.
Para tanto, com uma linguagem fácil, o trabalho que o Ministério Público desenvolve para a sociedade foi explicado para alunos da 7ª e 8ª séries de cinco escolas. Para falar do dever constitucional de defender os interesses difusos, Suxberger exemplificou com uma situação hipotética em que uma fábrica de cimento fosse implantada em São Sebastião: "Se alguém da comunidade fosse lá sozinho para pedir para a indústria fechar, não teria o mesmo efeito que o MPDFT, que fiscaliza a lei", disse o promotor que também citou exemplos cotidianos para falar dos interesses individuais indisponíveis, da publicidade abusiva e de noções de cidadania.
Entre uma fala e outra, músicos cantaram e interpretaram canções famosas de Cazuza, MV Bill e Racionais MC's que retratam a realidade da cidade. "Foi uma forma encontrada para prender a atenção dos jovens", afirmou a promotora de Justiça Andrea Chaves ao falar da segunda etapa do projeto, que pretende treinar lideranças estudantis. Na primeira, em junho, o curso formou profissionais da rede pública de ensino para serem multiplicadores de conhecimento. Nas próximas reuniões temas como mediação de conflitos, cidadania, estatuto da criança e adolescente, educação para a sexualidade, prevenção ao uso de drogas e armas ainda serão abordados com os jovens.
Direitos e Deveres
Por ser uma atividade extracurricular, a palestra ocorreu na Casa de Paulo Freire da cidade, sede da ONG Vida e Juventude. A ideia de retirar os jovens da escola para mostrar um projeto como o MPDFT nas Escolas de São Sebastião é proposital.
Depois de Suxberger falar sobre os direitos de cada cidadão, a Procuradora-Geral de Justiça lembrou que todo cidadão também possui deveres a cumprir. "Quais seriam os deveres de vocês com a família de vocês, com os vizinhos, na igreja, na comunidade?" foi a pergunta feita por Eunice Carvalhido para que os jovens refletissem.
O encontro também teve a participação do Coordenador Administrativo da Promotoria de São Sebastião, promotor Geraldo Mariano, da Coordenadora dos Núcleos de Direitos Humanos do MPDFT, promotora Daniele Martins, dos promotores de Justiça Andrea Bernardes e Marcelo Tannus, de professores das Regionais de São Sebastião e do Gama - cidade que recebeu a primeira edição do MPDFT nas escolas - e de quatro músicos profissionais que descontraíram a palestra: Wagner, Paulo Ribeiro, Rosana Pereira e André Dias.