Serão formados agentes ambientais para difundir o Programa Descoberto Coberto
Ao longo desta semana, entre 11 e 15 de junho, 25 alunos da rede pública de Brazlândia serão qualificados para trabalhar como agentes ambientais na área rural da região. Com as informações aprendidas, eles irão orientar a vizinhança sobre temas ligados ao meio ambiente como coleta seletiva de lixo, preservação da água, poda e plantio de árvores. Em contrapartida, receberão durante três meses uma bolsa no valor de meio salário mínimo. Essa ação faz parte do Programa Descoberto Coberto, fruto de uma parceria desenvolvida ao longo dos últimos anos pela 3ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Prodema) com diversos órgãos públicos e a comunidade local.
O projeto de educação ambiental, orçado em cerca de R$ 90 mil, foi elaborado pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e, em razão de um acordo firmado com o Ministério Público, está sendo patrocinado pela Unbec (Colégio Marista) e ministrado no Centro Marista de Formação Vila Champagnat, no Incra 7, em Brazlândia. Os alunos foram selecionados nas escolas do Incra 8 e Incra 9. Para entrar no clima de sustentabilidade ambiental, eles receberam uma garrafa não descartável da Agência Reguladora de Águas do DF (Adasa), coordenadora do Programa Descoberto Coberto, para evitar o uso de copo descartável. Um grupo de estudantes de Brazlândia, já engajado na coleta seletiva de lixo e em manifestações artísticas, abriu o evento, com a apresentação de uma música que compuseram sobre o tema.
“Segundo a Constituição Federal, é dever de todos preservar o meio ambiente, mas como podemos viabilizar isso? Formando uma rede, uma cultura de paz, usando a criatividade. Só a lei não tem o poder de transformar as pessoas. Precisamos criar uma cultura de cuidado e amor pela natureza”, disse a Promotora de Justiça Marta Eliana de Oliveira aos alunos que se dispuseram a participar do curso e se tornar multiplicadores na região.
Para ela, o projeto é um dos mais importantes apoiados pela 3ª Prodema. “É o MP agindo preventivamente, de forma estratégica. Do Rio Descoberto vem a água que abastece 65% da população do DF e a devastação não tem sido impedida com a repressão e a sanção. É preciso educar. Mais que isso, é preciso despertar nas pessoas a vontade de se conectar com a natureza”, disse.
O aluno Bruno Tocantins, 23, está no 2º ano do Ensino Médio. Ele mora em uma chácara em Brazlândia e trabalha com plantação de milho e criação de animais. Ele tem interesse em aprender mais sobre a coleta seletiva de lixo e a poda de árvores. “Lá em casa nós queimamos o lixo e usamos as cinzas como adubo. Acho que isso não é certo. Quero aprender o jeito correto, mudar meus hábitos e também orientar os meus vizinhos”, disse.
“Ao lado da minha casa estavam derrubando árvores perto da nascente do Descoberto. Fiquei preocupado e quando passaram na escola divulgando o curso de educação ambiental me interessei”, explicou Alquimar Rocha, 19, estudante do 2º ano. Ele trabalha no cultivo de flores.
Para o superintendente de Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Caesb, Maurício Luduvice, o projeto é uma oportunidade de crescimento conjunto para a preservação do meio ambiente e da quantidade e qualidade da água do DF. “Se não preservarmos o meio ambiente teremos de buscar água cada vez mais distante e isso custa caro”, completou. Rosany Cristiana, da Associação Pró-Descoberto, ressaltou que o produtor é um parceiro do processo de preservação ambiental. “Sozinho ninguém faz nada.”, resumiu.
Programa Descoberto Coberto
Responsável por 65% do abastecimento de água do DF, a bacia do Rio Descoberto enfrenta vários problemas de erosão, impermeabilização do solo, desmatamento, invasão e expansão desordenada.
Desde 2009, quando foi oficializado, o Programa Descoberto Coberto tem o objetivo de reflorestar os 125 metros das margens do reservatório formado para a captação de água, o Lago ou Barragem do Descoberto. São 73 chácaras localizadas nessa faixa de proteção. A intenção é que os proprietários, de maneira voluntária, adiram ao plantio de mudas nativas do cerrado. Em três anos foram plantadas cerca de 140 mil mudas em 36 dessas propriedades e em mais 60, localizadas nas áreas de contribuição do reservatório. A intenção é estender o plantio às matas ciliares de toda a Área de Proteção Ambiental (APA) do Descoberto.
O programa vem sendo mantido pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que a ele destina recursos em medidas alternativas propostas em crimes ambientais e em Termos de Ajustamento de Conduta. O programa conta com a parceria da Caesb, que vem plantando mudas, a título de compensação florestal de seus empreendimentos; do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), da Secretaria de Agricultura (Seagri), que vem produzindo e doando mudas aos agricultores com os recursos recebidos de medidas alternativas; da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), do Instituto Chico Mendes (ICMBio) e da Associação dos Produtores e Protetores da Bacia do Descoberto (Pró-Descoberto), que coordena o plantio e incentiva os chacareiros a aderirem ao programa.