O Teatro Oficina Perdiz já tem data para retornar à cena cultural de Brasília. Em reunião realizada no Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) nesta terça-feira, dia 29 de julho, foi decidido que, no dia 5 de novembro, o novo prédio destinado ao espaço cultural será formalmente entregue a seu idealizador, José Perdiz. A data não foi escolhida aleatoriamente: neste dia, é comemorado o Dia Nacional da Cultura Brasileira.
Durante a reunião, foram discutidas as próximas etapas para formalizar a doação e a inauguração do espaço, uma vez que a obra está concluída, mas ainda precisa do documento de habite-se. O encontro foi coordenado pelo titular da 1ª Promotoria de Justiça do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (Prodema), Roberto Carlos Batista. Estiveram presentes o jornalista e ex-secretário de Cultura, gestor da pasta à época do início do processo, Silvestre Gorgulho; o representante da Secretaria de Cultura (Secult – DF) Wagner Pacheco Barja; o representante das construtoras Ipê Omni e Cecin Sarkis Julio Cesar Peres; e José Perdiz, o dono do espaço.
O promotor de Justiça destaca que, apesar de o trabalho da Prodema se concentrar na defesa do meio ambiente, em virtude do volume de processos, a defesa do patrimônio cultural também é uma de suas atribuições. "O MPDFT reconheceu a importância do Teatro do ponto de vista cultural para a cidade. Buscamos resolver o problema sem a necessidade de judicializar a questão e chamamos os envolvidos para conjugar esforços e encontrar uma solução conjunta e viável", explica Batista.
O Teatro Oficina do Perdiz é considerado um ícone cultural de originalidade e criatividade. Para Silvestre, a inauguração do novo espaço representa uma conquista muito importante. "Precisamos reconhecer três condições fundamentais: a mobilização da classe artística de Brasília, a sensibilização do MPDFT, que intermediou a solução, e também a sensibilização dos empresários que realizaram a obra. Precisamos valorizar o empenho de todos e coroar o retorno às atividades", enfatiza.
Perdiz não esconde a animação com a conclusão da obra e diz que, apesar da tristeza com os anos em que o teatro ficou sem funcionar, nunca deixou de acreditar em uma solução. "Olho para o teatro vazio e fico triste. Mas a gente não deve se martirizar com a espera. Eu participei de várias reuniões e sempre tive confiança. Agora está perto", comemora.
O próximo passo é a elaboração do termo de doação, que deverá ser apresentado ao MPDFT. O documento deverá conter cláusula que vincula o espaço à finalidade cultural. Após a emissão do habite-se, José Perdiz poderá dar início à montagem das arquibancadas para que tudo esteja pronto para a inauguração em novembro.
Entenda o caso
Desde 2002, o MPDFT apura as condições de instalação do Teatro Oficina Perdiz. Na época, a instituição iniciou uma investigação para analisar a importância do espaço e de suas atividades como patrimônio cultural, as condições mínimas de segurança e a ocupação do terreno. O espaço funcionou por 38 anos em área pública. O impasse foi resolvido em 2008, por intermédio da Prodema, que reuniu instituições ligadas ao setor cultural e à ordem urbanística no âmbito federal e do DF em busca de soluções. Naquele ano, as empresas Ipê Omni e Cecin Sarkis se comprometeram a comprar um terreno próximo do original e a construir o novo teatro. O espaço, localizado na quadra 710 Norte, já está pronto. O prédio atende às necessidades do teatro, além de reservar um espaço no andar superior para a residência de Perdiz.
Leia mais