Ministério Público denunciou, em julho de 2017, 13 suspeitos de terem favorecido a Cruz Vermelha de Petrópolis em licitação
Foi deflagrada, na manhã desta quarta-feira, 23 de agosto, a 3ª fase da Operação Genebra, coordenada pela 4ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) e pela 7ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), com apoio da Coordenação de Inteligência do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap/PCDF). Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva. A operação ocorreu simultaneamente no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.
São alvo dos mandados de condução coercitiva a atual presidente nacional da Cruz Vermelha Brasileira, Rosely Pimentel Sampaio, e o presidente da Cruz Vermelha Brasileira, filial RJ, Luiz Alberto Lemos Sampaio. Rosely e Luiz Alberto são casados. Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos na residência do casal, nas sedes da Cruz Vermelha (Órgão Central) e na filial estadual da Cruz Vermelha, as duas no Rio de Janeiro. Também é alvo de busca e apreensão a residência do ex-secretário de Saúde do DF Joaquim Carlos da Silva Barros Neto, localizada na capital da República.
Investigações
Os indícios analisados para a deflagração da terceira fase da Operação Genebra apontam a existência de crime de corrupção ativa por parte de Douglas Souza de Oliveira, que já havia sido denunciado pelo Ministério Público na 1ª fase da operação. Há também elementos que indicam a participação de Luiz Alberto nos crimes de peculato e dispensa ilegal de licitação. Apura-se, ainda, a existência de organização ou associação criminosa na Cruz Vermelha Brasileira.
Os elementos de prova reunidos e o cruzamento com as informações da primeira fase da Operação Genebra apontam que Douglas gozava de proteção dispensada pela Cruz Vermelha do Rio de Janeiro (filial e nacional) e por seus dirigentes. Isso porque as provas indicam que, pouco tempo depois de ter sido excluído da administração da filial da Cruz Vermelha de Petrópolis, ele passou a trabalhar na Cruz Vermelha filial do Rio de Janeiro, da qual Luiz Alberto é o presidente. A filial do RJ e a nacional funcionam no mesmo prédio na capital do Estado.
Indícios também demonstram uma estreita ligação entre Fernando Cláudio Antunes Araújo, denunciado na 1ª fase, e Rosely e Luiz Alberto. O casal tinha conhecimento da atuação da filial de Petrópolis no DF antes mesmo da assinatura do contrato com a Secretaria de Saúde e também das ordens bancárias emitidas em favor da filial.
Segundo o promotor de Justiça da 4ª Prosus, Luís Henrique Ishihara, as provas que subsidiaram a nova fase da operação também indicam que, ao contrário do que sustentou em seu depoimento em 22 de junho, na Decap, o ex-secretário de Saúde do DF Joaquim Barros tinha ciência das ilegalidades que circundavam o edital e delas participou. Ele também sabia da impossibilidade de que a Cruz Vermelha filial Petrópolis assumisse a administração das UPAs do Recanto da Emas e de São Sebastião, ocultando informações e documentos. Ele também foi denunciado na primeira fase da Operação Genebra.
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