Clínica do Povo, com unidades em Samambaia e no Recanto das Emas, emitia laudos falsos de exames laboratoriais. Resultado de um paciente era replicado para vários. Pelo menos 61 pessoas foram vítimas gerando risco para a população
O proprietário da Clínica do Povo, que mantinha unidades em Samambaia e no Recanto das Emas, Tiago Henrique Silva Gonçalves, será julgado nesta terça-feira, 17 de setembro, às 14h, na 1ª Vara Criminal de Samambaia. Ele foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de estelionato (46 vezes), falsificação de documento particular (61 vezes), exercício ilegal da medicina e perigo para a vida ou saúde de outrem.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pede também que o réu seja condenado por danos morais ao valor mínimo de R$ 20 mil para reparar cada vítima identificada, além dos danos materiais. De acordo com a denúncia, entre março e novembro de 2017, o réu exerceu a profissão de médico sem autorização legal, pois não possuía a formação acadêmica necessária. Ele se apresentava como médico do trabalho, dizendo-se apto para realizar exames clínicos admissionais. Para isso, utilizava os carimbos dos médicos contratados pela clínica.
Ele também foi denunciado por falsificar exames laboratoriais de diversos pacientes. A Clínica do Povo mantinha contrato com a DB Medicina Diagnóstica Ltda. As amostras coletadas deveriam ser enviadas para a execução de análise laboratorial, recebendo assim um número único de pedido que, por sua vez, corresponderia ao laudo emitido com o resultado do respectivo paciente. Entretanto, as amostras não eram enviadas e o réu falsificava os laudos, ao replicar o resultado de um paciente para vários.
No entendimento do Ministério Público, o denunciado agia dessa maneira para obter vantagem econômica ilícita. Pelo preço de um laudo verdadeiro que a DB Medicina Diagnóstica realizava, o réu lucrava dezenas de vezes mais, replicando para inúmeros pacientes que nada tinham a ver com o material biológico examinado. “Os documentos falsificados eram entregues às vítimas que, induzidas em erro, acreditavam que o resultado recebido era referente à amostra que coletaram na Clínica do Povo. Ludibriadas, pagavam vantagem econômica indevida por tais exames laboratoriais falsificados”, explica a denúncia.
Operação Falso Testemunho
Em 2017, Tiago Henrique foi preso pela Polícia Civil na operação Falso Testemunho. As investigações apontavam que as amostras coletadas nem sequer eram examinadas e todo paciente recebia o mesmo diagnóstico – até o número do protocolo era repetido. A única diferença era o nome e a data de nascimento.
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