A 2ª Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) e o Ministério Público de Contas do Distrito Federal (MPC/DF) realizaram um evento em homenagem ao Dia Internacional do Hemofílico e do Portador de Esclerose Múltipla.
Durante toda a manhã, profissionais da área da saúde e autoridades ligadas ao tema conversaram sobre a importância de montar uma rede eficaz no tratamento da hemofilia e esclerose múltipla no Distrito Federal.
A Procuradora-Geral do MPC/DF, Cláudia Fernanda de Oliveira, lembrou o trabalho desenvolvido em parceria com a 2ª Prosus, iniciado pela Promotora de Justiça Adjunta Lígia dos Reis. Cláudia Fernanda afirmou que o Ministério da Saúde é o responsável pela compra dos medicamentos para o tratamento da hemofilia. Porém, segundo a Procuradora, cabe ao DF oferecer exames laboratoriais, adquirir equipamentos e reagentes, capacitar os profissionais e atender a população.
O atendimento às vítimas de hemofilia e esclerose múltipla enfrenta dificuldades no Distrito Federal, apesar da ajuda da Ong Ajude-C que, além de adquirir o único coagulômetro de porte existente no DF, também adquiriu os reagentes necessários aos exames, quadro que a Secretaria de Estado de Saúde se comprometeu a modificar.
A coagulopatia é um dos distúrbios enfrentados por pacientes hemofílicos. O problema compromete a coagulação do sangue e requer diagnóstico e terapia específicos. O Subsecretário de Atenção à Saúde, João Luís Arantes, destacou que o Distrito Federal foi pioneiro na distribuição do medicamento Fator VIII Recombinante, importante aliado no tratamento de coagulopatias. O Procurador do Ministério Público de Contas da União, Marinus Marsico, acredita que a disponibilização deste medicamento deve ser seguida por outros Estados da Federação. O Subsecretário esclareceu, ainda, que, em 30 dias, será licitada a compra de 22 equipamentos para o tratamento de coagulopatias no DF.
O Corregedor-Geral do DF, Roberto Giffoni, declarou que o orçamento de saúde no DF supera três bilhões de reais. Segundo Giffoni, o gasto com a saúde revela o desejo do Governador em melhorar as condições desta área no DF, porém não bastam os recursos, é necessário, também, que a gestão se ocupe de questões de saúde, como a hemofilia, com firmeza e prioridade. A médica hematologista Jussara Almeida observou que, se o Governo do DF investisse em tratamento preventivo e profilático na área de coagulopatias, economizaria de 43% a 62% com internações, próteses e outros procedimentos.
No evento, crianças hemofílicas entregaram rosas brancas às autoridades presentes e emocionaram o público. O menino Gabriel mostrou a importância de lutar contra o preconceito ao falar sobre o direito que possui a uma vida normal, sem aposentadoria precoce, morbidade, seqüelas ou subemprego.
Ao final, duas personalidades foram homenageadas: a fisioterapeuta voluntária Mariana Sayago e o paciente hemofílico Aurino Silva Andrade, aprovado no concurso da Eletronorte e formado em curso superior. Aurino enfrentou as dificuldades e o uso da cadeira de rodas e mostrou que é possível superar os obstáculos. O encerramento do evento foi marcado pela exibição do documentário “Três irmãos de sangue”, cedido pela produtora “No Ar Produções Ltda”. O vídeo conta a história dos irmãos Henfil, Betinho e Chico Mário, hemofílicos, falecidos após terem contraído o vírus da AIDS em transfusões de sangue.
Representantes do Ministério Público do DF e Territórios, do MPC/DF e da União, autoridades do Poder Executivo e Legislativo local, profissionais de saúde e usuários do sistema público de saúde participaram do evento, realizado no auditório do Edifício-Sede do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.