Vacina contra a corrupção
O NaMoral foi criado em 2019 para levar às escolas públicas do DF vivências de integridade, com o objetivo de desenvolver os potenciais das nossas crianças e jovens para construírem uma nova cultura, pautada pela autorresponsabilidade, pela ética e pela compreensão do poder das pequenas escolhas para interromper o ciclo da corrupção. Sua essência está em resgatar valores que serão usados para solidificar os pilares de sustentação da sociedade, atuando preventivamente no combate à corrupção.
Suponha a corrupção como uma doença endêmica, que contamina mais e mais cidadãos, que adoece o país e dizima, paulatinamente, os seus potenciais. O “tratamento” e a erradicação da corrupção demandam uma visão análoga à atuação na área da saúde, numa classificação em 3 etapas:
a) a prevenção, feita principalmente pelos educadores;
b) o ambulatório, que nesta analogia representa as instâncias nas quais a corrupção e os desvios realmente acontecem, formado por agentes públicos, empresários, gestores e controladores;
c) a UTI, que aqui representa o estágio em que a corrupção já foi consumada, na qual colocamos todo o sistema de Justiça que vai responsabilizar os criminosos e recuperar os ativos desviados.
O Projeto NaMoral é a fase de prevenção, atuando como uma vacina. Educar crianças e jovens para a integridade, ao mesmo tempo em que os formamos para compreender a importância de suas escolhas individuais para construir os círculos virtuosos que rompem os elos da corrupção, é uma estratégia essencial, que precisa ser intencional, para promover uma transformação efetiva na sociedade, na medida em que essas crianças e jovens serão os agentes públicos, empresários, gestores e controladores no ambulatório do futuro — e, sendo intolerantes à corrupção, acabarão por barrá-la antes que se materialize e contamine outros setores, adoecendo a sociedade como um todo. Como consequência, teremos uma UTI com um número muito menor de casos graves, o que potencializa a excelência das ações que realizar.
E como o NaMoral faz isso?
Valendo-se de metodologias ativas para desenvolver competências e habilidades nos nossos jovens, de modo que se tornem protagonistas do futuro próspero de sua pátria, por meio de escolhas equilibradas, pensadas e coerentes com os seus valores e expectativas. A retidão, a verdade, a honestidade, a empatia, a cidadania, o respeito e a responsabilidade são apresentadas como alicerce para o bem-estar coletivo e, consequentemente, individual. Os conteúdos propostos, desenvolvidos com a colaboração de especialistas em áreas do conhecimento como Pedagogia, Psicologia e Neurociência, darão a esses jovens as ferramentas iniciais para uma formação ética e cidadã, com a qual farão escolhas e renúncias mais estruturadas.
A construção dessa nova mentalidade é possível ao se percorrerem os caminhos da Integridade, que é apresentada em 3 pilares:
1. A integridade individual – Eu comigo
2. A integridade coletiva – Eu com os outros
3. A integridade altruísta – Eu no mundo
A cada etapa, o estudante recebe as ferramentas para adquirir ou reconhecer os valores e habilidade necessários ao exercício pleno de uma cidadania ética, consciente e diligente. As atividades vivenciais reforçam os conteúdos e promovem o engajamento e a construção coletiva de solução para os problemas comuns enfrentados naquela comunidade, preparando-os, na prática, para exercerem os seus papéis ao final da formação: Embaixadores da Integridade, Influenciadores da Integridade e Restauradores dos danos provocados pela corrupção.
O maior diferencial do NaMoral é apresentar aos estudantes, de maneira lúdica e construtiva, um panorama em que a corrupção não é apenas uma questão de “quanto”, mas de “o quê”. A pessoa que fica com o troco a mais, por exemplo, tem um comportamento tão danoso quanto o político que desvia milhões — embora o senso comum muitas não reflita esta realidade — talvez por apostar que “ninguém foi prejudicado”, por exemplo. Por isso, ao oportunizar a visão de que os atos de corrupção estão presentes em muitas de nossas ações irrefletidas, e em tantas outras pequenas ações desonestas já incorporadas ao nosso cotidiano, o projeto impacta os jovens, que desenvolvem uma noção acurada de causa x efeito, refletindo sobre se suas ações estão de acordo com os valores que eles defendem, com o mundo que desejam para si mesmos.
Saiba mais sobre o projeto nos links abaixo.
-
Artigo “Quem está disposto a investir no tratamento? ” – Luciana Asper y Valdés
-
Artigo “Procurar a Justiça para garantir injustiça?” – Modesto Carvalhosa
-
Filipeta “Embarque imediato para a jornada NaMoral” – passo a passo para replicar o projeto
-
Guia “Fortalecimento do Estado de Direito por Meio da Educação: um guia para formuladores de políticas” – Unesco e UNODC
-
Guia “Capacitar estudantes para sociedades justas: um guia para professores da educação secundária” – Unesco e UNODC