Após reclamações reportadas ao Ministério Público, Pró-vida realizou reunião e em breve fará visita para verificar os atendimentos realizados pelo serviço de obstetrícia do HRSM
O encontro faz parte de um projeto de aproximação da Pró-vida com os hospitais regionais, visando a melhoria do serviço prestado às gestantes, como a prevenção à violência obstétrica. A iniciativa com os profissionais de Santa Maria ocorreu após o recebimento de diversas reclamações sobre atendimentos no HRSM. Uma visita ao local deverá ser realizada ainda em março.
No ano passado, representantes da promotoria estiveram nos hospitais de Samambaia, Gama e Paranoá para conhecer as áreas de ginecologia e obstetrícia. “Com esse trabalho, foram identificados os pontos positivos e negativos dos atendimentos. Foram traçadas estratégias de forma a incentivar que os hospitais desenvolvam mecanismos preventivos e de combate à violência obstétrica”, explicou a promotora de Justiça Alessandra Morato. Com as necessidades identificadas, o Ministério Público também conseguiu o direcionamento de verbas de medidas alternativas para a compra de equipamentos que estavam em falta, como detectores fetais de mesa, usados para escutar os batimentos cardíacos do feto, e caixas de papel para cardiotocógrafo que foram doados ao Hospital do Paranoá.
Atendimentos
Atualmente, são realizados cerca de 400 partos por mês no hospital. Os profissionais que estiveram no Ministério Público relataram que apesar do aumento de 28 para 55 médicos na equipe desde o início da administração do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (Iges-DF), o setor ainda enfrenta dificuldades com o alto volume de atendimentos originários de outras regiões administrativas, especialmente do Gama, além do Entorno do DF.
Outro problema apontado foi a precariedade do serviço de atenção primária, oferecido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). “Quando as grávidas fazem um pré-natal ruim, elas chegam no Hospital com problemas não identificados e as intercorrências com o parto passam a ser de responsabilidade nossa. Mas sabemos que são consequência de um acompanhamento prévio deficiente”, registrou a médica chefe do serviço de ginecologia do HRSM, Gisele Silva. Segundo ela, um grande problema da violência obstétrica é a falta de comunicação entre médico e paciente. “Com hospitais lotados, os profissionais trabalham sob pressão e precisam fazer vários atendimentos ao mesmo tempo.”, completou.
O superintendente do HRSM, Fabiano Dutra, listou uma série de melhorias recentes que poderão ser percebidas nos atendimentos. “Agora, estamos funcionando com o serviço de radiologia 24 horas no hospital. Em breve, um aparelho de ultrassom será destinado para uso exclusivo do centro obstétrico. A medida é muito importante para os partos de alto risco, por exemplo”. “Também foram contratadas enfermeiras obstétricas que fazem grande diferença na atenção e cuidado”, registrou a gerente da maternidade Ivonete Rodrigues. Ela também comentou sobre um evento que será realizado em julho de sensibilização para a prevenção à violência obstétrica. A chefe do serviço de regulação, Juliana Machado, também participou da reunião e falou sobre a oferta de vagas para consultas e a possibilidade de oferecer vagas remascantes de pré-natal para gestantes de todas as regiões do DF, além de Santa Maria e Gama.
Para o médico e assessor da Pró-vida Márcio de Souza, é evidente o interesse comum em melhorar os atendimentos e reduzir as queixas da população. “A parceria que a Pró-vida propõe para os hospitais começa no entendimento das dificuldades que tem motivado as reclamações que chegam ao Ministério Público. Realizamos visitas para observar as condições de infraestrutura, materiais e atendimentos das áreas de obstetrícia. Ajudamos a traçar estratégias”, explicou.
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