Documento apresenta resultado de questionários respondidos por 2.960 participantes
As medidas sugeridas são respostas diretas aos problemas identificados nos questionários aplicados durante a execução do projeto. No período de um ano, 2.960 participantes avaliaram o transporte coletivo rodoviário e fizeram sugestões para sua melhoria.
Entre as principais intervenções recomendadas com base na percepção de passageiros e rodoviários estão: atualização constante das informações da plataforma DF no Ponto (linhas, horários, localização por GPS); apresentação de estudo sobre a necessidade do aumento da frota; priorização das políticas de transporte coletivo; incentivo à mobilidade ativa; revisão e atualização do Plano Diretor de Transporte Urbano.
A promotora de Justiça Lenna Daher explica que os resultados obtidos estão relacionados às características territoriais do Distrito Federal (grandes distâncias, baixa densidade populacional) e a problemas persistentes no serviço de transporte público local. “As soluções para dificuldades estruturais do sistema não são simples, mas o relatório apresenta medidas que, no curto e médio prazo, podem impactar de forma significativa na experiência dos usuários”, afirmou.
A coordenadora-executiva do IFC, Rebecca Teixeira, destaca que a iniciativa teve como objetivo avaliar o serviço na percepção do usuário. “Acredito que esse seja o ponto forte de um projeto como esse, mostrar ao usuário que ele não tem apenas o direito de utilizar o serviço diariamente, mas também de avaliá-lo, demonstrar suas deficiências e auxiliar na construção de alternativas de melhoria”, concluiu.
Números
O preço da passagem é o segundo item com pior avaliação: “ruim” e “péssimo” somam 74% das respostas. Quando a análise se concentra nos respondentes que recebem até um salário mínimo, esse valor sobe para 79,12%.
Perto da metade dos respondentes (45%) leva de uma a duas horas para chegar a seu destino e a maioria (51,66%) afirmou esperar de 30 minutos a uma hora pelo ônibus. A maior parte avaliou o tempo de espera na parada como ruim (29,29%) ou péssimo (39,9%). A conservação dos veículos também é um problema: 54% dos respondentes afirmaram ter presenciado alguma falha mecânica pelo menos uma vez nos 60 dias anteriores ao preenchimento do questionário.
Outra preocupação dos passageiros é a segurança. “Péssimo” foi a resposta mais frequente nas questões sobre segurança no trajeto até a parada (37,57%) e dentro dos veículos (29,8%). No item sobre segurança contra assédio sexual e moral nos ônibus, a avaliação que mais recebeu respostas foi “regular” (30%). O único item com avaliação positiva nesse tema foi a sensação de segurança quanto à forma de dirigir dos motoristas: a maioria respondeu “regular” (39,46%) e “bom” (28,95%).
Entorno
Em alguns itens, os passageiros que moram no entorno do Distrito Federal fizeram avaliações mais negativas que os demais usuários. Para a localização da parada, 35,53% responderam “ruim” ou “péssimo”. Na avaliação geral, ao contrário, 57% das respostas foram “bom” ou “ótimo”.
O item iluminação pública nas paradas também teve avaliação pior no entorno. Os resultados gerais não são positivos (64,5% responderam “ruim” ou “péssimo”), mas, no entorno, são ainda piores: 76,86% das respostas são “ruim” ou “péssimo”. O mesmo ocorre quando se analisa a conservação dos ônibus. Para os usuários em geral, 59% das respostas foram “bom” ou “regular”. No entorno, a soma das avaliações “ruim” e “péssimo” chega a 57,85% do total.
Perfil
Os usuários que responderam à pesquisa são, em sua maioria, mulheres (57,34%), entre 21 e 30 anos (40,9%), com ensino médio completo ou ensino superior incompleto (53,21%) e renda de até três salários mínimos (65%). A maioria (80%) usa o transporte público ao menos cinco vezes por semana, principalmente nos horários de pico, e grande parte (69%) depende dos ônibus para sua mobilidade.
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