Para comemorar os 60 anos do MPDFT em Brasília, serão republicadas, até o fim de abril, matérias históricas sobre o trabalho da instituição. A quinta matéria da série, publicada na Revista Memória nº 3, em 2010, mostra quem foi a primeira promotora de Justiça do Distrito Federal.
Força feminina
Eram outros tempos: o trabalho feminino ainda era visto com desconfiança, se não preconceito. Hilda formou-se em Direito em 1958 e, quando Brasília foi inaugurada, ela já era servidora do executivo federal. Decidiu vir para a cidade com a avó, Amélia Vieira da Conceição, a única parente próxima, e aqui começar uma nova vida.
O concurso para o Ministério Público surgiu como uma boa oportunidade. O edital foi publicado em 14 de novembro de 1960. Vencidas todas as etapas, Hilda foi aprovada em 2º lugar e tomou posse no dia 25 de maio de 1961. Era o início de uma carreira de dedicação ao Ministério Público que se estenderia por mais de uma década.
Até 1967, com a chegada da defensora Léia Esteves, Hilda foi a única mulher entre os membros do Ministério Público do Distrito Federal. Esse, no entanto, não era um problema. “Ela era franca e enfrentava qualquer situação. Todos tinham muito respeito por ela”, lembra a filha, Sara Delgado Casañas Ohata.
Filha do coração
Mãe, neta e dona de casa. Hilda gostava de cuidar do lar. “Ela costurava, cuidava das reformas. Chegou a trocar, ela mesma, o couro de um sofá”, recorda-se. E era também uma profissional dedicada. “Ela era brilhante. Sempre foi muito justa em todos os cargos que exerceu”, afirma Sara, sem esconder a admiração pela mãe.
Em 1975, um novo começo na vida de Hilda. Ela foi aprovada no concurso para a Magistratura do Distrito Federal e tomou posse em dezembro daquele ano como juíza substituta. Mais uma vez, ela estava entre os pioneiros: foi a terceira mulher a assumir o cargo em Brasília.
Quando se aposentou, na década de 1980, Hilda pôde dedicar toda a atenção à família. “Ela foi nossa força até a morte, em 1997”, relembra a filha. Mesmo depois de tantos anos, para Sara, o marido e os quatro filhos, Hilda continua sendo um exemplo de coragem, dedicação e amor à família.
O texto acima foi republicado na íntegra, conforme sua primeira divulgação, em 2010, na Revista Memória nº 3. Para ler essa e outras matérias sobre a história do MPDFT, clique e conheça a Revista Memória.
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