Seu navegador nao suporta javascript, mas isso nao afetara sua navegacao nesta pagina MPDFT - NaMoral: Evento reúne palestrantes e público com objetivo de promover integridade

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Professores, estudantes, promotores de Justiça e cidadãos interessados na temática da ética e cidadania compartilham experiências em encontro do projeto

Na manhã desta quinta-feira, 22 de junho, o “I Encontro NaMoral - Conexões para a integridade”, reuniu no auditório do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) promotores de Justiça, profissionais de educação da rede pública, estudantes e público em geral interessado na disseminação da cultura da integridade em nossa sociedade. O evento contou com os palestrantes Marcelo Lima, criador do projeto “Picolé para todos”, e Luiz Fernando Lucas, autor do best seller "A era da integridade”.

O promotor de Justiça Nísio Tostes, representando o procurador-geral de Justiça do DF, Georges Seigneur, homenageou a carreira de professor e trouxe uma reflexão a respeito da ética e do Direito: "Para um país melhor não basta mudar as leis se não mudamos as mentalidades para uma cultura de integridade. Se todos seguissem aquilo que a moral determina, o Direito não precisaria existir”, registrou o atual chefe de gabinete do MPDFT.

Uma das convidadas do evento, a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, falou sobre as dificuldades e desafios do cargo. Segundo ela, com os mesmos objetivos é possível seguir ampliando os programas considerados transformadores de vida como o NaMoral, “que trabalha nas crianças conceitos já há muito esquecidos”.O convidado especial, Aristides Junqueira, primeiro procurador-geral da República nomeado após a constituição de 1988, lembrou das professoras de sua infância, em São João del Rei, e disse “ser eternamente agradecido a elas”. Comentou também sobre a importância de moldarmos as crianças para o futuro: "A integridade começa com cada um de nós. Não é uma disciplina escolar. É uma formação que todos têm que ter e pra isso, tenho que ser".

Ainda na mesa de abertura, o procurador distrital dos direitos do cidadão do MPDFT, Eduardo Sabo, também opinou sobre o tema: "Ser íntegro é algo muito intenso, porque temos que ser íntegros a partir de nós mesmos. Os valores e as práticas devem ser preservados a todo momento".

Palestras

Luiz Fernando Lucas iniciou sua fala com a reflexão de que “a palavra integridade vem de inteiro, ou seja, quando falta não está inteiro, mas o que tem a mais também é excesso: As pessoas, na busca por melhorarem suas vidas, acabam buscando o excesso. Integridade é um conceito binário. É 1 ou 0. Não existe ser quase íntegro”. Para ele, “o que motiva as pessoas que transformaram o mundo é o sonho. Meu sonho é que o vocábulo corrupção seja apenas conhecido pelos livros de História e um dia caia em desuso". Finalizou afirmando que “criamos uma sociedade na qual não é a evolução da consciência humana que pauta nossas ações, mas o medo. Medo de ser visto, de ser pego. Mas o que fazemos em vida ecoa pela eternidade".

Marcelo Lima, que contou sobre sua história de abandono e adoção pelo seu próprio pai biológico, mas que só revelou a verdade sobre a paternidade depois de mais de 10 anos, falou sobre sua trajetória de estudante e profissional e a diferença que o intercâmbio que fez na Inglaterra promoveu em sua vida atual de empresário. “Quando cheguei em Brighton e fui ao supermercado, não tinha caixa. O cliente pegava o produto e pagava sozinho. Perguntei a um senhor: 'e ninguém rouba?'. E o senhor respondeu: ‘por quê?’. E eu pensei que de fato não tem por que. Mas será que isso daria certo no Brasil?”.

Inspirado nessa experiência, criou o “Picolé para todos", que funciona da mesma forma nas escolas e hoje está em mais de 280 locais. A ideia é pegar e pagar o produto sem ninguém cobrando. Lima trouxe o exemplo de um colégio no qual o saldo foi 680 picolés, 100% pagos e explicou que, de acordo com o projeto, o percentual do valor arrecadado é doado para instituições carentes. Se menos de 90% dos picolés forem pagos, nenhuma instituição recebe a doação, pois, conforme esclareceu, “a corrupção comeu o que poderia ter sido doado a quem precisa”.

Luciana Asper, idealizadora e coordenadora do projeto NaMoral, lembrou que há 75 anos, a Declaração dos Direitos Humanos já dizia que somos seres humanos dotados de razão e consciência, o que nos diferencia de todos os outros, para que possamos agir com fraternidade: "Precisamos formar almas. Não basta formarmos matemáticos para serem chefes do departamento de propina, ou cientistas, pesquisadores, químicos, se for para desenvolver drogas sintéticas que matam pessoas, ou exímios escritores e oradores para usar o sistema de Justiça como instrumento de impunidade de corruptos e perpetuar violações de direitos em razão da precarização de serviços essenciais. Seria melhor que não tivessem esse conhecimento".

"Será que conseguimos livrar os outros da nossa ingratidão, desrespeito, desonestidade, falta de zelo, egoísmo, indiferença, arrogância, prepotência, tirania, ou seja, da nossa maldade? Se nós queremos ser íntegros e livrar o outro das nossas maldades precisaremos subir em um outro patamar de integridade, o que significa se doar ao outro, e perceber que aquilo que nós carregamos, em termos de dons, virtudes, habilidades, talentos, existe para um propósito: se relacionar, tocar e ter significado na vida do outro. Ao nos importamos de verdade com o outro, ficamos menos vulneráveis a escorregamos nos nossos egoísmos e suportamos os sacrifícios e renúncias de seguir fazendo o bem, aquilo que é reto e fraterno” completou.

Promotorias e projetos nas escolas

Atualmente, alguns projetos realizados pelas promotorias especializadas do MPDFT também trabalham em parceria com as escolas, conscientizando e buscando a participação de educadores e estudantes. É o caso do “Pai Legal nas Escolas”, projeto citado pelo promotor de Justiça de Defesa da Filiação (Profide), Jamil Amorim. Além dele, estiveram presentes no evento a promotora de justiça Polyanna Silvares, do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação, que falou sobre o projeto “Pés na Rua” e comentou sobre a participação das escolas no debate racial: "Quando penso em integridade também penso em dignidade. Uma pessoa íntegra consegue atuar para evitar qualquer tipo de discriminação".

A promotora de justiça Yara Maciel falou sobre o projeto “Um passo no seu espaço”. Para ela: “Temos a oportunidade de ensinar aos alunos sobre a responsabilidade, mostrando que eles têm o poder de fazer a diferença. Ao cuidarmos dos espaços públicos da cidade, estamos proporcionando às crianças e jovens experiências enriquecedoras. Esses ambientes são verdadeiros laboratórios vivos, onde elas podem aprender sobre a natureza, arte, interação social, locais onde podem explorar, criar e se conectar com o mundo ao seu redor”.

O encontro também contou com a participação da promotora de justiça de defesa do meio ambiente Luciana Bertini, que falou sobre a iniciativa de ir às escolas para orientar os alunos sobre a separação de resíduos sólidos. A 1ª Prodema idealizou o projeto de compostagem nas escolas e o projeto Vira Amigo: “A parceria é excelente para trabalhar a integridade ambiental, de respeito aos animais e ao meio ambiente”.

Jaqueline Gontijo, promotora de Justiça do Núcleo de Atenção às Vítimas, contou sobre as dificuldades encontradas na mudança de cultura da corrupção. “Essa é uma mudança muito grande, assim como a que o sistema de Justiça precisa ter de que não deve ser voltado apenas para o acusado, mas o olhar deve ser voltado para a vítima. Mudar essa cultura para a integridade não é fácil, mas tem que começar", finalizou.

 

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