Inauguração contou com a participação, por vídeo chamada, da ativista Maria da Penha
A exposição, que ficará no Espaço Memória, na sede do MPDFT, até 28 de fevereiro, é uma iniciativa do MPDFT, por meio da Comissão de Prevenção e Combate ao Feminicídio, com o apoio da Divisão de Cultura, e busca contribuir com a ação “21 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres”, realizada anualmente em 150 países. Foram selecionadas as obras, na categoria artes plásticas, de Clodair Edenilson, Maria Gorete e Maria Porto; e na categoria literatura, de Clarice Oliveira, Luciana Carvalho, Marina Mara, Reginaldo Xavier, Tatiana Martins e Váldima Fogaça.
O lançamento contou com a participação do compositor e pianista Marcos Borges, que interpretou ao piano a peça “Retrato cinza de uma andorinha dourada”, de sua autoria, escrita em homenagem a Maria da Penha, especialmente para essa ocasião. Segundo o autor, a andorinha é um pássaro que representa mudanças e a ativista desempenhou uma verdadeira revolução no combate à violência contra as mulheres.
Participações
A vice-procuradora-geral de justiça jurídico-administrativa, Selma Sauerbronn, também reforçou a importância da iniciativa: “O combate à violência de gênero ainda apresenta inúmeros desafios estruturais e estruturantes em nossa sociedade. Mesmo com avanços normativos, como a promulgação da Lei Maria da Penha e, mais recentemente, da Lei do Feminicídio, ainda existe um sentimento de insuficiência no enfrentamento dessa temática. Como sabemos, a violência contra mulheres é um fenômeno multifatorial e não se resume a uma questão policial ou jurídica. Neste aspecto, ao promover iniciativas como esta, a Comissão de Prevenção e Combate ao Feminicídio do MPDFT contribui para melhor compreensão das causas e para busca de soluções para o enfrentamento desse problema”.
O procurador-geral de justiça Georges Seigneur elogiou a ação e o trabalho da ativista: “A luta contra a violência doméstica é uma luta constante e nós devemos triunfar sobre ela. Precisamos entender que a violência doméstica é um fenômeno que precisa ser atacado em sua natureza cultural. É importante que tenhamos a conscientização de que ele não pode ser tolerado, não pode ser admitido, pois quando isso acontece, acaba propiciando mecanismos para que ocorra o feminicídio. Nós precisamos atacá-lo de todas as formas, com uma atuação efetiva, direta e rápida. Precisamos perceber que, culturalmente, não podemos mais admitir qualquer tipo de tolerância com relação à violência. Momentos como esse são importantes para que possamos cada vez mais evoluir no combate a essas chagas e ter uma sociedade como diz a Constituição: justa, democrática e igualitária”.
Maria da Penha, que participou de todo o evento por vídeo chamada, citou desafios no enfrentamento à violência doméstica e se disse grata e emocionada com relação à iniciativa da exposição. “Esse evento é uma demonstração do esforço institucional necessário para romper as barreiras que necessitamos para o enfrentamento de todas as formas de violência contra a mulher. O MP tem um papel tão essencial na defesa da ordem jurídica e nós mulheres brasileiras precisamos dele cada vez mais forte, atuante e presente, pois eu vivi e senti na pele o que significa as instituições falharem na proteção às mulheres. Por isso, eu acredito e defendo que sua atuação engajada no enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres siga sendo ampliada, pois ele também é indispensavel em outras áreas, principalmente nas ações que são desdobramentos da situação da violência, como questões com relação à guarda das crianças e educação”.
Ainda durante o evento, foi exibido vídeo com a participação de todos os artistas. Confira!
Selecionados
A escritora Luciana Carvalho, uma das selecionadas para a exposição, atua como educadora social na Casa da Mulher Brasileira, no atendimento psicossocial de mulheres vítimas de violência doméstica. Ela conta que o evento a fez refletir sobre episódios de pequenas violências aos quais, em geral, todas as mulheres acabam vivenciando. “Fiquei reflexiva e lembrei que, 20 anos atrás, quando eu tinha 21 anos, levei um tapa do meu então marido. Não tinha a lei Maria da Penha ainda e eu falei que iria denunciá-lo e ele falou com ironia que daria uma cesta básica e tudo certo. E eu pensei: infelizmente, ele está certo. Hoje temos a quem recorrer, então o meu sentimento é de profunda gratidão e muita esperança de a arte, a educação e as políticas públicas alcançarem todas as pessoas, homens e mulheres, na busca por dias melhores para todos nós”.
Uma das artistas plásticas selecionadas, a cearense Maria Gorete, comentou que foi uma honra e uma emoção indescritível fazer parte desse momento: “Para mim foi uma ótima surpresa perceber a seriedade com que o Ministério Público trata a questão da violência contra a mulher. Fiquei muito tocada com o depoimento da Maria da Penha e de toda a estrutura do MP voltada à luta por uma sociedade livre de violência. Fiz a obra ‘Ópera em um ato’ exclusivamente para essa exposição e eu estava imbuída desse sentimento da necessidade de usar minha arte em prol dessa vida, uma vida livre de violência”.
Serviço
Exposição Ânima
Local: Espaço Memória - sede do MPDFT
Data: Até 28 de fevereiro
Horário: De segunda a sexta, das 12h às 19h
Entrada franca
Secretaria de Comunicação
(61) 3343-9601 / 3343-9220 / 99303-6173
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