O Pegue e pague é a quarta dentre as 6 missões propostas às escolas participantes do projeto NaMoral. Além dela, os estudantes precisam criar um herói, aplicar uma pesquisa, ornamentar a escola como embaixada da integridade, restaurar um espaço coletivo e fazer uma ação altruísta.
Na tarde desta quarta-feira, 27 de setembro, os alunos do Centro de Ensino Fundamental (CEF) 4, finalizaram a etapa do pegue e pague do projeto NaMoral. A missão Pegue e Pague consiste em criar um ponto de vendas de produtos sem vendedores ou vigilância. No CEF 04, foi disponibilizada uma caixa com geladinhos para que os alunos possam pegar, na hora do recreio, sem ninguém cobrando, nem fiscalizando o produto. Todos tiveram a oportunidade de pegar o geladinho e pagar, de acordo com a sua consciência, e não porque estava sendo cobrado no momento.
O objetivo é gerar reflexão entre os estudantes a respeito de ética, honestidade e integridade, valores disseminados pelo projeto. Os geladinhos foram adquiridos por meio de doações da Associação de Pais e Mestres da escola. Ao final de cada dia, a professora responsável, Grace Kelly, contabiliza o valor final, conferindo todos os pagamentos. Para ela, “essa iniciativa é uma espécie de estudo social. Já teve muita bagunça na hora de pegar o produto, mas tentamos conscientizá-los do respeito ao espaço do outro e já sentimos a diferença com o passar dos dias. Mexer com ética e moral faz a gente pensar, colocar pensamentos em xeque”.
Ao final dos seis dias de aplicação da iniciativa, a taxa de integridade ficou próxima dos 80%. Para Josélia Damata, diretora do CEF 4, atividades como o pegue e pague, desenvolvem a questão da responsabilidade e permitem que os estudantes façam uma auto avaliação. “Envolve uma série de questões, como comportamento financeiro, virtudes, posturas e valores, e também de cuidado com o que é público, porque os alunos sabem que a gente adquiriu os geladinhos com o dinheiro da escola”.
Segundo a vice-diretora do CEF 4, Rosângela Martins, “esse é um projeto que mexe com valores que precisamos trabalhar com essa faixa etária porque eles vão futuramente ser inseridos no mercado de trabalho e como vão lidar com isso? Retirar o que não é seu? Aqui na escola, teve uma importância muito grande. Uma das coisas que eu conversei com eles foi que a consciência é individual, não é do grupo, nem da escola, que vale refletir sobre aquilo que eu peguei, que não era propriedade minha, e deixei de dar o valor combinado. Então como é que fica a postura dele diante dos colegas? Se reclamam dos governos sobre retirar um dinheiro que é público e não investir em uma educação, saúde, transporte, como vocês vão cobrar isso se tiverem um comportamento igual?”.
Visão dos alunos
“Eu acho que a gente vai ser surpreendido, porque teve dia que não deu muito certo. Mas acho que no final vai dar certo e vamos levar pra vida, principalmente pensamentos de honestidade, de ser sincero”, declara Sofia Lupela, do 8º ano.
“É importante isso que está sendo feito, e parece que é só um cremosinho, mas na verdade representa uma coisa muito maior, porque no futuro vão ser várias outras coisas que você pode usar. Eu acredito que essa pequena ação possa mudar a cabeça, de pelo menos alguns, porque qualquer um poderia simplesmente pegar e ir embora, mas não é o que está acontecendo. Ainda bem, né?”, afirma Anna Clara Laitartt, do 8º ano.
“Pra mim, esse pegue e pague está sendo muito bom, o geladinho está ajudando a baixar o calor. Só está estranho porque tem gente que quando faz o Pix, vai pegar e não tem mais, porque alguém pegou e não pagou. Do meu ponto de vista, precisaria de um supervisor para a gente poder pegar e pagar do jeito certo”, opina Johnatan Alves, do 8º ano.
Outras escolas que aplicaram ou estão aplicando o Pegue e pague são: CEF 03 Brazlândia, CED 11 Ceilândia, CED Gesner Teixeira, CEF 10 Guará, CEF 03 Brasília, CED 308 e CEF 07 Sobradinho.
NaMoral
O NaMoral foi criado em 2019 para levar às escolas públicas do Distrito Federal vivências de integridade com o objetivo de desenvolver uma nova cultura, pautada pela autorresponsabilidade, pela ética e pela compreensão do poder das pequenas escolhas para interromper o ciclo da corrupção. Nos anos de 2020 e 2021, o projeto foi implementado em sua primeira versão virtual, voltada para estudantes universitários. Em 2022, voltou a ser realizado de forma presencial e teve a participação de 12 escolas. Este ano, o jogo vem sendo aplicado, como parte do componente curricular, em 25 escolas públicas do Distrito Federal.
O projeto utiliza ferramentas inovadoras, principalmente de gamificação, que transformam o processo de aprendizagem em um jogo. Os estudantes são desafiados a cumprirem missões e recebem pontos por cada uma das atividades. A equipe vencedora será a que somar a maior pontuação. Entre as atividades desenvolvidas estão a criação de um super-herói, a decoração da escola, um pegue e pague, uma ação social e a restauração de um espaço coletivo.