Evento realizado nesta quarta-feira, 21 de agosto, destacou a importância dos profissionais de educação no acolhimento feito pelas escolas
O Grupo de Apoio à Segurança Escolar (Gase) e a Coordenadoria Executiva de Autocomposição (Cauto), com apoio da Secretaria de Educação e Desenvolvimento Corporativo (Secor), promoveram a solenidade de abertura do curso “Técnicas Autocompositivas de Gestão de Conflitos e Círculos de Construção de Paz”. O evento ocorreu nesta quarta-feira, 21 de agosto, na sede do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Na abertura, o vice-procurador-geral de justiça, Antonio Marcos Dezan, frisou que a autocomposição e o consenso são formas de humanizar a justiça, substituindo o confronto pelo aprendizado, promovendo a transformação social por meio da implementação de políticas públicas de resolução de conflitos. “O curso é um passo a mais na busca do diálogo e do fortalecimento de uma cultura de paz nas escolas. Vocês irão fazer a diferença positivamente nas instituições onde atuam, aprimorando o sistema educacional do Distrito Federal”, estima.
A ação educacional teve início em 7 de agosto e segue até 13 de novembro, com carga horária de 42 horas. Serão 14 encontros, às quartas-feiras, das 14h30 às 17h30. A iniciativa é destinada a professores, orientadores educacionais, psicólogos e pedagogos da Rede Pública de Ensino do Distrito Federal. Foram disponibilizadas 24 vagas.
O objetivo é que, ao final da capacitação, os participantes sejam capazes de transformar conflitos na comunidade escolar, utilizando práticas autocompositivas e restaurativas na resolução de conflitos no ambiente educacional. O conteúdo programático de círculos de construção de paz inclui o fluxo interno dos círculos; a construção de valores; a definição de diretrizes; os pressupostos centrais dos círculos; o círculo de planejamento; os conceitos de check in e check-out; o fluxo externo dos círculos; e o papel do facilitador.
A parte de técnicas autocompositivas incluem os temas: afago; audição de propostas implícitas; balanceamento; Batna; comunicação conciliatória; despolarização do conflito; empatia; enfoque prospectivo; escuta ativa; espelhamento; geração de opções (perguntas orientadas); identificação QIS; inversão de papeis; legitimação; mapeamento do conflito; organização de questões; teste de realidade; e validação de sentimentos.
A promotora de justiça Fernanda Moraes, titular da 2º Promotoria de Justiça de Defesa da Educação (Proeduc) e coordenadora do Gase, ressaltou que, com a capacitação, os profissionais passam a ser multiplicadores de estratégias e ferramentas de administração positiva de conflitos. “Temos recebido muitos relatos de bullying, racismo, discriminação e casos ligados à saúde mental. Quanto mais ferramentas tivermos para resolução de conflitos, melhor e mais acolhedora essa comunidade escolar se tornará”, define.
Fernanda também destacou a importância da atuação dos profissionais que atuam nas instituições de ensino em situações de atrito. “Depende muito da escola identificar e fazer a primeira intervenção em situações de vulnerabilidade que gerem conflitos ou ameacem direitos, para então acionar os órgãos de direito e os que atuam na rede de proteção interinstitucional”.
Na prática
O curso é ministrado por Anna Maria Marques de Almeida, José Manoel Pereira e Leila Duarte Lima. A secretária-executiva da Coordenadoria Executiva de Autocomposição (Cauto), Leila Duarte Lima, explicou que, apesar de a iniciativa ocorrer desde 2016, essa edição tem o diferencial da retomada ao formato presencial. “É uma capacitação que detalha a gestão positiva de conflitos a partir de técnicas capazes de aprimorar e fortalecer o vínculo das comunidades escolares, tornando o ambiente mais acolhedor e seguro. E o Ministério Público tem um papel fundamental nessa perspectiva”, pontua.
A instrutora Anna Maria Marques de Almeida, servidora da Coordenadoria Executiva de Autocomposição (Cauto), afirma que a metodologia utilizada nas aulas é voltada para a reflexão e participação dos alunos a partir de conflitos adaptativos, e não técnicos, que precisem de soluções a serem construídas. “A mediação é uma atividade técnica para conduzir o procedimento com efetividade. O gestor precisa estar habilitado para auxiliar, acolher, ouvir sinceramente a outra pessoa para poder ajudar no diálogo e na negociação de um conflito”, destaca.
Alice Assunção é uma das alunas do curso. Servidora da Secretaria de Educação, atuante na área de mediação de conflitos, ela reforça que a capacitação é uma oportunidade de aprendizado para os profissionais: “Estou com uma expectativa alta para a formação. Faz diferença ter esse conhecimento e essa sensibilidade para atuar na mediação de conflitos”.
O curso marca o prosseguimento, pelo MPDFT, de ações voltadas ao Projeto Justiça Restaurativa nas Escolas, instituído pelo Termo de Cooperação Técnica nº 49/2022. As edições anteriores ocorreram em 2016, 2018, 2019, 2021, 2022 e 2023, formando 130 facilitadores.
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