Trajeto teve início na Rodoviária do Plano Piloto, com destino à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Ação foi promovida pelo Comitê Gestor de Sustentabilidade da CLDF (Ecolegis), com apoio do MPDFT e da Rede Urbanidade
Bicicletas, monociclos, patins e patinetes transformaram a visão da plataforma inferior da Rodoviária do Plano Piloto nesta sexta-feira, 27 de setembro, para celebrar o Dia Mundial Sem Carro. Do local, bicicletas, adeptos e entusiastas da mobilidade ativa seguiram rumo à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), onde encerraram o percurso.
A ação foi promovida pelo Comitê Gestor de Sustentabilidade da CLDF (Ecolegis), com apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e da Rede Urbanidade. O objetivo foi provocar uma reflexão sobre os impactos do uso excessivo de veículos particulares e incentivar a adoção de alternativas de mobilidade sustentável.
“Incentivamos ao longo da semana os servidores e deputados a testarem alternativas ao carro e fizemos o trajeto de bike ou outros modos sustentáveis como uma atividade mais descontraída e para integração entre as pessoas”, destaca o coordenador do Ecolegis, Uirá Lourenço.
Para ele, “é uma alegria ver a ciclovia com muita gente pedalando e usando monociclo, bem diferente dos dias 'normais', com poucos ciclistas e usuários de outros modos sustentáveis”.
Para o coordenador da Rede Urbanidade, promotor de justiça Dênio Augusto de Oliveira Moura, a ação foi uma oportunidade de valorizar a mobilidade ativa, seus benefícios e também a sustentabilidade ambiental.
O juiz Carlos Maroja, da Vara Ambiental do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), que também esteve presente na ação, ressaltou que o evento promove o engajamento das pessoas envolvidas na causa da mobilidade urbana e a conscientização dos moradores da cidade. “As cidades estão cada vez mais engarrafadas e isso gera muitos problemas que poderiam ser mitigados com o uso de modais mais sustentáveis”, destaca. O secretário-executivo de transporte e mobilidade do DF, Alex Carreiro, também participou do evento.
Mobilidade sustentável
Para Ana Luiza Carboni, 54 anos, a utilização da bicicleta como forma de locomoção é uma realidade desde os 13 anos. Moradora da Asa Norte, a ciclista é gestora de projeto da União de Ciclistas do Brasil e coordenadora-geral da Rodas da Paz. Ela defende a inclusão da bicicleta no transporte do DF e destaca que, para isso ocorrer, é fundamental a manutenção das ciclovias, o cuidado para não obstruir os trajetos, a continuidade entre os trechos e o conforto térmico.
“Eventos como esse são importantes para mostrar que esse meio de transporte é viável. A gente veio da rodoviária para a Câmara Legislativa, não é um percurso grande. Uma pessoa que faz até 8 km em cada trecho, pode utilizar a bicicleta. Hoje, com as bicicletas elétricas com pedal assistido, o esforço é muito menor. Sem contar que os benefícios para a saúde são similares aos da bicicleta tradicional”, relata.
O servidor público federal, João Paulo de Andrade Junior, 55 anos, mora no Lago Norte e utiliza o monociclo elétrico em 70% dos trajetos que faz, aproveitando o momento para refletir sobre a mobilidade urbana de Brasília. “Cada bicicleta, monociclo e patinete a mais, é um carro a menos, menos poluição”, considera. “No entanto, quando você está em um modal pequeno, você precisa se preocupar com a sua segurança e com a dos outros. Isso acaba se refletindo em um trânsito mais humano, mais gentil. É bom inclusive para quem anda de carro, porque o trânsito vai fluir melhor”, completa.
Impacto
Em Brasília, a frota de veículos em circulação ultrapassa a marca de 2 milhões, segundo o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF). Dados do órgão também apontam que de 2013 a 2023 houve um aumento de 34% no número de carros da capital federal, com uma proporção de 1,3 habitante por automóvel.
Especialistas reforçam que o uso massivo de veículos pode trazer impactos variados na qualidade de vida das pessoas, que vão dos congestionamentos aos problemas de poluição ambiental e saúde pública, até sinistros de trânsito.
Rede
A Rede de Promoção da Mobilidade Sustentável e do Transporte Coletivo (Rede Urbanidade), criada em novembro de 2019, é uma iniciativa da Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) em parceria com estudiosos e representantes de associações e entidades que se dedicam à causa da mobilidade.
O grupo visa assegurar a participação efetiva da sociedade na elaboração, na implementação e na fiscalização da política local de mobilidade urbana. Além disso, pretende ser um espaço democrático de articulação, discussão e busca de soluções para os desafios existentes nessa área, na perspectiva do desenvolvimento sustentável.