Iniciativa visa capacitar profissionais dos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes e mediadores comunitários
A Coordenadoria Executiva de Autocomposição (Cauto) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) deu início a mais uma formação de facilitadores de “Círculos de construção de paz - situações menos complexas”. A aula inaugural foi realizada na quinta-feira, 13 de abril, e a capacitação segue até o final de junho, na modalidade híbrida, com carga horária total de 35 horas e 10 encontros.
Os círculos de construção de paz são algumas das estratégias utilizadas como metodologia pela Justiça Restaurativa. Neles, os envolvidos são acolhidos em um ambiente de empatia para falar sobre suas experiências, percepções e sentimentos diante de uma situação para, dessa forma, abrir possibilidades de soluções conjuntas e melhor se relacionar consigo e com o grupo. “A ideia do curso é propiciar aos participantes o conhecimento de novas técnicas que possam auxiliar na solução de conflitos de uma forma pacífica e restauradora, estimulando o crescimento da cultura de paz”, explica a coordenadora da área comunitária de Autocomposição do MPDFT, promotora de Justiça Ana Luisa Leão Lôbo.
Os participantes da formação aprenderão desde os elementos essenciais, pressupostos, planejamento e etapas do círculo de construção de paz, também sobre o papel do facilitador, técnicas de contação de histórias e a aplicação dos Círculos no contexto dos participantes.
Nesta edição, o curso oferece 20 vagas para mediadores comunitários do MPDFT, do projeto Mediação Comunitária, e aos profissionais da 2ª edição do projeto “Criando e Recriando Laços”, que capacita profissionais dos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes para a mediação de conflitos e as práticas restaurativas.
Para o promotor de Justiça Pedro Thomé de Arruda Neto, coordenador da Área Temática Restaurativa do MPDFT, a formação trará elementos para os profissionais que atuam no contexto das unidades de acolhimento e daqueles envolvidos na justiça comunitária. “A escuta qualificada e a realização de círculos restaurativos, por exemplo, são instrumentos muito úteis para resolver conflitos envolvendo os atores da própria comunidade, que é quem melhor conhece a realidade individual e coletiva dos sujeitos em suas próprias situações de vida”, explica.
A promotora de Justiça Rosana Viegas também participou da aula inaugural e parabenizou todos os participantes do curso, por terem encontrado tempo para se dedicar à formação em círculos restaurativos. “A construção da paz por meio da escuta, da compreensão e da empatia, nada mais é do que o exercício do autoconhecimento e a escolha consciente do amor pela humanidade”, salientou. A promotora, que atua na área de defesa da infância e juventude, acredita que a capacitação de profissionais dos serviços de acolhimento de crianças e adolescentes proporciona instrumentos de grande valor para a mediação dos conflitos e ao incentivo à fala e à autonomia dos acolhidos.
“No círculo, sentimos a presença real das pessoas, mais do que ouvir e entender a fala do outro, conseguimos identificar saberes e clamores que também são os nossos, e isso gera uma conexão respeitosa, cuidadosa com o próximo”, elogiou a participante Henalda Rezende Silva, mediadora comunitária.
Para a assistente social Cecília Levino, que participou da capacitação, “muitas vezes achamos que não estamos fazendo o que tem de ser feito, que não estamos produzindo o que tem de produzir, mas na hora que nos movimentamos, conseguimos ver o valor e a força que nós temos”.
Programa de Autocomposição do MPDFT
O Programa Permanente de Incentivo à Política de Autocomposição (PPIPA), pautado pela política de autocomposição, tem, desde sua criação em 2017, engendrado esforços na busca do fortalecimento de práticas de solução de conflitos assentados no diálogo e consenso entre as partes. A vice-procuradora-geral de Justiça, Selma Sauerbronn, é a responsável pela coordenação-geral do programa, que contempla cinco áreas temáticas coordenadas por membros: civil e familiar, comunitária, restaurativa, organizacional e tutela difusa e coletiva.
A implantação do Programa Permanente de Incentivo à Política de Autocomposição – PPIPA é feita por meio de projetos e ações elaborados pelos integrantes de cada área temática, sob gestão e supervisão do respectivo coordenador e com a assessoria da Coordenadoria Executiva de Autocomposição – Cauto.