Delegado Alesandro Barreto conduziu o evento, realizado na sexta-feira, 23 de agosto, no auditório do MPDFT, e alertou sobre os principais golpes e quais atitudes podem evitar esse tipo de problema
“Se saírem todos preocupados daqui, eu ganhei a palestra”, disse o delegado Alesandro Gonçalves Barreto, coordenador do Laboratório de Operações Cibernéticas na Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp-MJ), na abertura do evento “Segurança nas mídias sociais e mitigação de riscos”. A ação foi realizada na última sexta-feira, 23 de agosto, no auditório do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Na abertura, o procurador-geral de justiça, Georges Seigneur, enfatizou a presença da tecnologia na vida das pessoas e a quantidade de informações pessoais que são guardadas nos celulares. “A perda de dados nesses aparelhos pode causar danos irreparáveis ao usuário e também à administração pública”, considera. “As equipes precisam estar preparadas para ataques, mas isso não se limita aos órgãos. Cabe a todos nós observarmos os cuidados necessários e termos consciência da necessidade da segurança na tecnologia da informação. É um assunto que interessa a todos nós”, reforça
Além do procurador-geral de justiça, a mesa de honra contou com a presença da secretária-geral Claudia Tomelin, do chefe de gabinete Nísio Tostes, do secretário de polícia institucional do MPDFT, coronel Carlos Lemes, e do coordenador-geral da Associação Nacional dos Agentes de Polícia Institucional do MPU e CNMP, Laércio Bernardes. A procuradora de justiça Eunice Carvalhido e o promotor de justiça e assessor de políticas institucionais Ruy Reis também participaram do evento.
No encerramento, Nísio Tostes homenageou o palestrante com uma placa da Secretaria de Polícia Institucional do MPDFT, lembrando que casos de golpes são “extremamente frequentes" e que o telefone é atualmente um caminho de fácil acesso a fraudes. “Recentemente fizemos a autenticação de dois fatores no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), diante de um ataque sofrido”, disse. Para ele, o primeiro requisito é a consciência do usuário sobre a abertura que é dada para que ataques sejam feitos. “Temos que tomar muito cuidado para não sermos nós as vítimas”, pontuou.
Não facilite
Durante a palestra, Alesandro Barreto falou sobre as estratégias e os desafios na era digital nos diversos contextos e plataformas em que são aplicados os crimes cibernéticos e o que o usuário pode fazer para evitar ser vítima dessa fraude. “O anonimato, a vulnerabilidade e a facilidade de acesso a dados expostos na internet são terrenos férteis para o criminoso cibernético, que quer informação e dinheiro”, diz.
O criminoso com acesso a um vazamento de dados pode invadir várias plataformas do usuário e causar danos em todas elas. No entanto, apesar de frequentes, Alesandro pondera que crimes cibernéticos são, grande parte das vezes, evitáveis. “O ser humano é a parte mais vulnerável do sistema e a principal porta dos ataques, inclusive institucionais, é alguém que vacila na senha. Não facilite a vida do criminoso”, diz o especialista, que é professor de Inteligência Cibernética e autor de 14 livros sobre segurança digital.
De acordo com o profissional, os erros mais comuns dos usuários são o uso da mesma senha e do mesmo e-mail para acesso a várias plataformas; não ter um celular reserva; salvar senhas em blocos de notas e post-its; usar SMS como autenticador; clicar em links de terceiros; não ler os termos de serviço da internet e utilizar wi-fi público em informação financeira e de trabalho.
O especialista pontuou as principais ações que o usuário pode tomar após sofrer um golpe, e também atitudes simples que podem prevenir possíveis fraudes. Confira abaixo:
Senhas - Principal porta de entrada para ataques cibernéticos, a dica é utilizar letras maiúsculas, minúsculas, números e caracteres especiais. Além disso, outra ação segura é utilizar um gerenciador de senhas, disponível na internet.
Roubo de telefone - O primeiro passo é bloquear as contas em bancos. Em seguida, deslogar do e-mail, das redes sociais e alterar as senhas. Depois, ligar na operadora e bloquear o chip. Caso tenha instalado, acessar o serviço de localização do celular para levar os dados à polícia para fazer o boletim de ocorrência.
Bancos - Instituições financeiras não mandam motoboy na sua casa, não ligam para pedir senha e não mandam ir ao caixa eletrônico habilitar equipamentos. O alerta vale para mensagens, seja por SMS ou WhatsApp, e ligações de empréstimos, compras ou anúncios. Nunca se deve ligar para os números. O ideal, segundo o especialista, é ter um celular reserva que fique em casa e que todas as operações financeiras sejam feitas nele.
Redes sociais - A estratégia de proteção inclui não postar informações pessoais que possam caracterizar parentes ou locais frequentados. “Cuidado com postagens na escola dos filhos, locais de férias, sinalizações na residência. Tudo pode ser artifício para o criminoso. Se quiser postar, faça quando tiver saído do local”, avisa Alesandro. Outro cuidado é que o e-mail seja protegido com aplicativo autenticador desvinculado do número de telefone.
Boleto falso - É cada vez mais comum o recebimento de boletos falsos quase idênticos aos verdadeiros. A orientação é sempre ler o código de barras e verificar se o beneficiário é o mesmo a quem deve se destinar o pagamento.
Golpes - Alesandro também citou nomes de alguns golpes mais comuns: spray and pray (e-mail disparados para vários destinatários falando alguma particularidade do usuário); mão fantasma (solicitação de instalação de aplicativos para “segurança da conta”, fazendo com que o criminoso acesse remotamente os dados como se fosse o usuário); nudes (clone de um perfil real que manda mensagem para todos os contatos da pessoa oferecendo nudes para posterior coação); golpe das flores (criminoso cobra taxa de entrega para esquema de empréstimos bancários); Don Juan (homem que se aproxima rapidamente pela vítima com promessas em busca de dinheiro); e novinha (perfil falso de alguma mulher jovem para atrair vítimas).
MP + Seguro
A ação faz parte das atividades do Programa MP + Seguro, que formalizou agosto como o mês da Segurança Institucional, instituído pelo CNMP. A iniciativa tem como objetivo promover diversas ações voltadas à prevenção, detecção, obstrução e neutralização de atitudes de qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda da instituição e de seus integrantes, inclusive à imagem e reputação. As ações são realizadas pela Secretaria de Polícia Institucional (SPI).