Há 101 anos, uma expedição saiu em direção ao Planalto Central para demarcar o local onde seria construída Brasília. Veja, em formato digital, fotos e registros sobre a jornada e seu destino
Em 27 de agosto de 1922, o então presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, delegou ao diretor da Estrada de Ferro de Goyaz, engenheiro Balduíno Ernesto de Almeida, a missão de organizar o lançamento da Pedra Fundamental do Planalto Central, em Planaltina, para comemoração do centenário da independência do Brasil, em 7 de setembro. A localização para o erguimento da Pedra se referenciou nos estudos da Missão Cruls, responsável por elaborar os primeiros estudos técnicos para a construção da nova capital.
Devido ao tempo curto e às estradas precárias, houve a mobilização de 17 veículos, entre automóveis e caminhões, e 31 pessoas para que o evento fosse realizado a tempo. Após todos os preparativos, que incluíram providenciar a placa e o monumento, mapas de localização, pessoal e veículos, a expedição partiu, no dia 1º de setembro de 1922, de Araguary, Minas Gerais, e chegou à Vila Mestre D'Armas, atual Planaltina, Distrito Federal, no dia 3 de setembro. Os preparativos foram iniciados no dia seguinte, 4 de setembro. No dia 7 de setembro de 1922, ao meio-dia, foi lançada a Pedra Fundamental do Planalto Central, em formato de obelisco, com autoridades representando todos poderes do âmbito federal, estadual e municipal.
No dia 7 de setembro de 1982, após 60 anos do assentamento do monumento, o então governador José Ornellas assinou decreto de tombamento da Pedra Fundamental, em cerimônia solene, às 12h, com proclamação do Hino da Independência pelo coral Madrigal da Escola de Música de Brasília e colocação de placa alusiva à ocasião. Em 8 de setembro de 1982 é publicado no Diário Oficial do DF o Decreto n°7010/1982, que "dispõe sobre o tombamento provisório da Pedra Fundamental do Distrito Federal e seu entorno".
A história da instalação da pedra está registrada em documentos, manuscritos e digitados à máquina, além de fotos inéditas para o público do Distrito Federal. O material foi doado pela viúva de Balduíno ao Museu do Ipiranga, em São Paulo, em 1939. Em 2022, em comemoração aos 200 anos da independência do Brasil, a Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural (Prodema) iniciou as tratativas junto ao Museu do Ipiranga para que todo o acervo histórico fosse disponibilizado, em formato digital, para a população, em comemoração ao Centenário da Pedra Fundamental de Planaltina.
Os materiais existentes sobre a implantação da Pedra Fundamental foram salvos e estão disponíveis para o público na Plataforma Sempre, de preservação histórica do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O acervo inclui a coleção de fotografias de Hélio Sant´Anna de Almeida, denominada “Viagem ao Planalto de Goiás”; documentos sobre o processo de implementação da pedra; o livro “A Pedra Fundamental da Futura Capital da República. Typ. E. F. De Goyaz Araguary”, uma crônica escrita pelo engenheiro Balduíno Ernesto de Almeida; documentos administrativos; croquis do obelisco; cartas; “clipping” de matérias publicadas em jornais sobre o lançamento da Pedra Fundamental; e a ata da cerimônia de lançamento com as assinaturas.
Acesse o Sempre e conheça um pouco mais sobre a história do Planalto Central.