Aula inaugural do projeto foi nesta quarta-feira, 28 de agosto. Serão seis encontros semanais até o final de setembro, com debates sobre violência contra as mulheres, interseccionalidade e masculinidades
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), em parceria com a Secretaria da Mulher, a Secretaria de Segurança Pública, a Secretaria de Administração Penitenciária e com autorização da Vara de Execução Penal, promoveu, nesta quarta-feira, 28 de agosto, aula inaugural de capacitação para debater violências contra as mulheres, interseccionalidade e masculinidades na Penitenciária II do Distrito Federal (PDF II). A ação educativa faz parte da programação do Agosto Lilás, mês que promove campanha pelo fim da violência contra a mulher.
Profissionais do Espaço Acolher ministrarão seis oficinas temáticas até o fim de setembro. Serão encontros semanais, com a participação dos reeducandos, com o objetivo de oferecer acolhimento psicológico e social, orientações jurídicas e encaminhamentos aos internos, de forma a enfrentar e prevenir a violência doméstica e familiar.
As palestras semanais vão abordar temas como segurança emocional, autocuidado, masculinidade e ciúmes, além de gênero e raça. Os assuntos trabalhados pretendem conscientizar os internos sobre os impactos da violência contra a mulher e a importância da mudança de comportamento.
O Espaço Acolher são unidades de atendimento que realizam acompanhamento multidisciplinar com homens e mulheres envolvidos em situações de violência doméstica. A iniciativa faz parte de um projeto-piloto que deverá ser estendido às demais penitenciárias do Distrito Federal.
A ação se soma a outras iniciativas de enfrentamento à violência contra a mulher existentes dentro do sistema prisional com o objetivo de promover a reinserção de indivíduos melhores e mais conscientes na sociedade. O nome do projeto ainda será escolhido pelos internos de forma a mais protagonismo na capacitação.
Para a promotora de justiça Gabriela Gonzalez, “o projeto é muito importante porque é um espaço de escuta e reflexão sobre a construção de masculinidades, sobre responsabilização e desnaturalização da violência doméstica contra as mulheres. Compreender o machismo estrutural e repensar sobre vivências, inclusive do cotidiano, permite a transformação de comportamentos e atitudes”.
A promotora de justiça Andrea Chaves ressalta a parceria com a direção e os profissionais da PDF II. “A violência contra a mulher é um tema urgente que demanda o engajamento de toda a sociedade. Esse projeto só foi possível com a colaboração da equipe da PDF II”, afirmou.
A expectativa é que, ao final de três ciclos de capacitação, a iniciativa seja encerrada com uma apresentação artística do projeto Redescobrir, que busca contribuir com a ressocialização dos apenados por meio da arte.
Violência contra a mulher
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública deste ano, e os dados produzidos pela Câmara Técnica de Monitoramento dos Feminicídios no Distrito Federal sobre violência contra mulheres, 76,4% dos autores de feminicídios possuem antecedentes criminais dos mais diversos tipos penais.